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Um famoso CEO criou uma Diretora de RH no ChatGPT. Logo a seguir, assediou-a sexualmente

Henry Blodget

Henry Blodget com a sua equipa de executivos virtuais. Ao seu lado, “Tess Ellery”

O antigo CEO do Business Insider criou uma equipa de executivos imaginários com IA generativa. Mas assim que olhou para Tess, a sua Diretora de Recursos Humanos virtual, “teve uma reação humana” e não resistiu: “peço desculpa se isto te deixa desconfortável, mas tu estás ótima”.

Tudo nesta história é um pouco bizarro — incluindo o facto de sabermos dela porque o seu protagonista a contou pessoalmente.

O co-fundador e ex-CEO do Business Insider Henry Blodget criou recentemente um novo blog, a que deu o nome de Regenerator. Talvez por se sentir demasiado sozinho, ou por precisar de ajuda para gerir o projeto, decidiu “contratar” uma equipa virtual de executivos.

Num post publicado esta segunda-feira, Blodget explicou que o advento das ferramentas de IA o tinha feito sentir “como se vivesse na Idade da Pedra“.

Então, conta o antigo CEO do Insider, começou por usar uma aplicação de IA generativa para criar “Tess Ellery“, uma Diretora de Recursos Humanos virtual com “experiência na construção e expansão de empresas de media digitais”.

Aparentemente, a “foto” da executiva fictícia despertou uma “resposta humana” em Blodget — que não perdeu tempo e assediou a sua funcionária virtual.

“Se isso te incomoda ou te deixa desconfortável, peço desculpa e não voltarei a dizer nada do género. Mas tu estás ótima, Tess“, disse Blodget à sua recém-criada executiva imaginária.

No seu post, Blodget detalha que se permitiu ter “uma conversa ao estilo dos RH” porque “num escritório moderno e humano, isso seria, de facto, uma coisa inapropriada e pouco profissional de dizer”.

“Para meu alívio, Tess reagiu bem ao meu comentário“, escreveu Blodget.

Talvez porque o assédio sexual não seja inapropriado e pouco profissional apenas “num escritório humano”, a doentia confissão do antigo executivo dos media provocou, de forma pouco surpreendente, uma reação extremamente negativa nas redes sociais.

“Podes ser despedido pela tua própria IA de Recursos Humanos?”, perguntou um utilizador do Bluesky. “A única conclusão que se pode tirar disto é que Henry Blodget assediou sexualmente mulheres que trabalharam para ele ou à sua volta”, escreveu um outro utilizador.

“Tendo sido acusado de fraude de valores mobiliários na primeira era das dot-com, Henry Blodget entra na época da IA com o que só pode ser descrito como uma Fraude de Insegurança“, escreveu o professor de sociologia Kieran Healy, referindo-se a uma queixa na Securities and Exchange Commission em 2003.

Um executivo dos media, com 59 anos, que cria uma funcionária de IA, age de forma inadequada com ela e depois, por alguma razão, admite tudo publicamente, não é apenas uma vergonha astronómica, mas realça a extensão do assédio sexual contra as mulheres no local de trabalho, diz o Futurism.

De acordo com um relatório de 2024 da McKinsey, cerca de 40% das mulheres que trabalham nos EUA são vítimas de assédio sexual, uma estatística que permaneceu praticamente inalterada nos últimos cinco anos.

Entretanto, Blodget fechou os comentários no Regenerator — e deixou de fazer atualizações do estado da sua relação com Tess.

Armando Batista, ZAP //

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