Mulher que não sente dor até já adormeceu a dar à luz

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Imagine o que é ter um filho, num parto de cesariana, sem precisar de anestesia. A experiência seria horrível para a maioria das pessoas, mas para a brasileira Marisa de Toledo foi um acontecimento sem dor nenhuma. Isto porque esta mulher de 27 anos não sente qualquer dor.

Esta mãe de três filhos sofre de insensibilidade congénita à dor, também conhecida como analgesia congénita, uma doença rara, que afecta muito pouca gente em todo o mundo, mas que é particularmente perigosa, podendo colocar quem dela sofre em constante perigo.

A dor é um aviso que chega ao cérebro para nos protegermos, face a situações que podem colocar a nossa condição física em risco. Mas ao cérebro de Marisa de Toledo não chega alerta nenhum, e assim a mulher tem as mãos cobertas de bolhas e de cicatrizes, dos vários acidentes que vai sofrendo diariamente, reporta a BBC.

Marisa já teve que amputar um dedo do pé e já perdeu o sentido do paladar, de tantas vezes ter queimado a língua. E no seu primeiro parto, de cesariana, nem sequer foi necessário levar anestesia.

“O médico disse que foi como cortar um porco, eu não sentia nenhuma dor”, conta Marisa de Toledo à BBC.

Durante o parto do segundo filho, até adormeceu.

“Ouvi a enfermeira gritando ‘acorda! acorda!’. Pensei ‘o que está acontecendo?’ E o médico disse ‘sua filha está nascendo’. Eu nem senti ela saindo, nada. Eu fiz um esforço, mas quem fez a força foi ela”, refere Marisa de Toledo.

Natural de Angatuba, uma zona rural na região de São Paulo, esta mãe de 27 anos lamenta que sofre do preconceito dos outros e confessa que gostaria de saber o que é sentir dor.

“Eu falo para as pessoas ‘como pode doer tanto?’, como em um parto. Para mim, eu fico imaginando como é a dor. Um dia queria ter dor, mas acho que nunca vou ter porque desde criança eu não tenho”, frisa.

Um dos dois irmãos de Marisa de Toledo também sofre de insensibilidade congénita à dor, mas nenhum dos seus filhos herdou o problema.

SV, ZAP

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