Estivadores de Leixões ganhavam até 40 mil euros para deixar passar cocaína de máfia brasileira

O esquema consistia em esconder grandes quantidades de cocaína no meio de mercadorias legítimas que atracavam no porto de Leixões. Cada estivador envolvido recebia entre 5000 e 40 mil euros.

Uma operação da Polícia Judiciária (PJ) desmantelou uma rede de tráfico de cocaína que operava no Porto de Leixões, envolvendo membros de uma organização criminosa com ligações ao extinto gangue de Valbom e à máfia brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC). A organização, composta por 13 elementos, foi acusada de associação criminosa, tráfico de drogas, branqueamento de capitais e posse ilegal de arma.

O esquema de tráfico, liderado por Fábio Teixeira, conhecido como “Freak”, e José Filho, apelidado de “Neguinho”, operava através de contentores marítimos com mercadorias legítimas, onde grandes quantidades de cocaína eram escondidas.

O método utilizado, conhecido como “rip-on/rip-off”, consistia em colocar a droga em contentores com selos falsificados, que eram posteriormente violados por uma equipa de estivadores para retirar a droga, substituindo o selo para evitar a deteção pelas autoridades, explica o JN.

O ponto alto da investigação ocorreu em outubro de 2023, quando um carregamento de 91 quilos de cocaína, avaliado em cerca de 2,2 milhões de euros, foi apreendido no Porto de Leixões. A operação foi monitorizada de perto pela PJ, que prendeu os estivadores em flagrante durante o descarregamento da droga. Apesar de “Freak” e “Neguinho” terem fugido para o estrangeiro, o primeiro foi capturado em Gaia em fevereiro de 2024, enquanto o brasileiro continua foragido.

As investigações revelaram que o grupo já tinha realizado outras importações ilícitas. Em maio de 2023, 78 quilos de cocaína foram apreendidos, após uma tentativa de recuperação da droga por parte de mergulhadores. A mercadoria estava escondida num compartimento do navio “Pluto”, mas foi detetada graças ao alerta de um comandante atento.

Além do tráfico, o Ministério Público acredita que Fábio “Freak” e sua esposa, que são proprietários de um restaurante no Porto, usavam o estabelecimento para lavar os lucros ilícitos. A organização teria adquirido imóveis, veículos de luxo e financiado férias no estrangeiro com o dinheiro proveniente do tráfico. Além disso, “Freak” e “Neguinho” também são acusados de pagar entre 5000 e 40 mil euros a cada um dos estivadores, que estavam sob custódia após a apreensão.

A investigação revelou ainda que a rede de comunicação encroChat foi utilizada pelos principais envolvidos para planear as operações, enquanto os estivadores usavam WhatsApp e Signal para combinar as descargas de cocaína. A PJ continua as buscas por “Neguinho”, que continua foragido.

ZAP //

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