As naves espaciais deveriam ser mais sujas (pela saúde dos astronautas)

NASA

Esterilizadas regularmente para evitar doenças, uma vez que estas são mais difíceis de tratar no Espaço, as naves espaciais podem na verdade ter de se tornar mais sujas para manter os astronautas saudáveis.

A limpeza excessiva pode mesmo ser prejudicial para os humanos fora da Terra, sugere uma nova investigação publicada a 27 de fevereiro na Cell, que alerta: a falta de exposição a uma variedade de moléculas e micróbios pode estar a afetar o sistema imunitário e o bem-estar geral dos astronautas.

A equipa de Pieter Dorrestein, que estuda a Estação Espacial Internacional (ISS), analisou mais de 700 esfregaços (finas camadas de sangue ou pus) da superfície da mais famosa estação espacial, e notou uma grave falta de diversidade microbiana na estação.

A falta de exposição a vida microbiana e moléculas pode estar a contribuir para vários problemas de saúde entre os astronautas, como erupções cutâneas, alergias invulgares, infeções fúngicas ou a ativação de vírus adormecidos, como o Epstein-Barr.

“A estação espacial é simplesmente desprovida de muitas moléculas e micróbios”, diz Dorrestein, citado pelo New Scientist: “está no extremo da vida humana”.

“O sistema imunitário tem de ser periodicamente ativado”, explica o especialista, especialmente em missões espaciais de longa duração.

Para resolver o problema, os investigadores propõem a introdução de moléculas e micróbios mais diversificados nos ambientes das naves espaciais — mas sem introduzir agentes patogénicos nocivos. Uma das ideias avançadas passa por substituir os desinfetantes químicos por bactérias como o Bacillus subtilis, conhecido pelas suas propriedades antifúngicas. O cultivo de plantas a bordo — uma vez que a exposição a moléculas vegetais tem sido associada a uma redução da asma e das alergias na Terra — pode ser outra resposta aos ambientes ultra-estéreis das missões espaciais.

Uma coisa é certa: ambientes “mais sujos” são necessários, “para que sejam mais diversificados em moléculas e micróbios”.

ZAP //

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