Boeing
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Os cientistas inspiraram-se nas fugas de hélio da nave Starliner para melhorar o impulso dos foguetões ou dos mísseis, tornando-os mais rápidos e mais difíceis de detetar.
Cientistas chineses terão descoberto uma forma de melhorar a propulsão dos foguetões injetando hélio nos motores de combustível sólido.
A origem desta inovação é caricata, tendo sido inspirada nas falhas técnicas da nave espacial Starliner da Boeing, que sofreu fugas de hélio que deixaram dois astronautas retidos na Estação Espacial Internacional (EEI) desde junho de 2024.
A nave espacial, construída pela Boeing, depende do hélio para pressurizar o seu sistema de combustível. No entanto, as fugas descontroladas de hélio afetaram gravemente a sua funcionalidade, atrasando o regresso dos astronautas à Terra até ao início de 2025.
De acordo com o estudo publicado na Acta Aeronautica et Astronautica Sinica, os investigadores da Universidade de Engenharia de Harbin viram nesta falha uma oportunidade.
Liderados pelo cientista aeroespacial Yang Zenan, a equipa explorou a forma como as injeções controladas de hélio poderiam melhorar o desempenho dos foguetões. As descobertas sugerem que o hélio pode aumentar significativamente o impulso, ao mesmo tempo que reduz as temperaturas de exaustão – fatores-chave tanto para a invisibilidade dos mísseis como para a exploração espacial.
Os investigadores efetuaram simulações em computador onde injetam hélio com precisão na câmara de combustão de um foguetão numa proporção controlada (aproximadamente 1 parte de hélio para 4 partes de gases de combustão).
As simulações indicam que o impulso do foguetão pode ser aumentado até 300%, a eficiência do impulso específico melhorou em 5,77% e a temperatura de exaustão diminuiu 1327°C, reduzindo a visibilidade para os sensores que detetam calor, aponta o Interesting Engineering.
Estas melhorias podem tornar os mísseis mais difíceis de detetar por sistemas de localização por infravermelhos, como os satélites Starshield da SpaceX ou o intercetor SM-3 Block IIA. Além disso, a natureza inerte do hélio evita a instabilidade da combustão, um problema comum com combustíveis voláteis como o hidrogénio, garantindo um desempenho de voo suave.
A capacidade de ajustar dinamicamente o impulso de 100% para 313% pode permitir que os mísseis mudem de velocidade de forma imprevisível, tornando-os também mais difíceis de intercetar. Para além da utilização militar, a mesma tecnologia poderá melhorar os sistemas de lançamento espacial, permitindo uma instalação de satélites mais rápida e económica.