George Alexis Pantos
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Afinal, a pedra de Svingerud não está sozinha: é parte de um todo bem maior, com mais inscrições — e pode ter sido esculpida por uma mulher.
A pedra rúnica mais antiga do mundo foi descoberta na Noruega em 2023.
Agora, novas provas sugerem que esta inscrição fazia parte de um conjunto: uma grande placa de pedra com 2 mil anos, segundo avança o The Economic Times.
As runas são o mais antigo sistema de escrita germânico conhecido, e as mais antigas surgiram na Escandinávia nos primeiros séculos D.C. A mais antiga que conhecemos, a pedra de Svingerud, não está, afinal, sozinha: foram encontrados mais fragmentos de arenito no local (um antigo cemitério), com inscrições semelhantes: terão sido um todo, e encaixam na perfeição.
A forma como a pedra foi partida sugere que foi deliberadamente estilhaçada e distribuída por vários enterramentos ao longo do tempo. Os autores do estudo publicado este mês na Antiquity acreditam que possa tratar-se de um ritual.
“É provável que as pedras rúnicas tenham tido intenções cerimoniais e práticas. O campo sepulcral e a pedra original (única) em relevo sugerem uma intenção comemorativa e dedicatória, enquanto a utilização subsequente num enterro separado ilumina expressões pragmáticas e simbólicas posteriores”, conta à CNN a investigadora Kristel Zilmer.
A especialista acrescenta que estas peças “apresentam uma mistura notável de inscrições múltiplas e outras marcas — ao contrário de tudo o que se viu anteriormente em pedras com inscrições rúnicas”.
A inscrição mais precisa encontra-se no Buraco 3, “O texto começa com a palavra ‘eu’, seguida do nome do inscritor, depois um verbo que indica a atividade (‘escreveu’) e finalmente a palavra ‘runa’, que se refere à inscrição como um todo”, conta Zilmer.
E, no Buraco 2, “O nome do escultor de runas é difícil de detetar devido às runas ténues e de forma ambígua e às superfícies desgastadas pelo tempo”, acrescentou.
“Propusemos algumas leituras possíveis. A caraterística mais intrigante é a terminação em -u, que sugere que este poderia ter sido um nome de mulher. Se assim for, este seria o mais antigo registo conhecido de uma mulher escrevente de runas“.
No Buraco 2, destaca-se uma única palavra, ou nome: Idiberug. Os investigadores não conseguem encontrar um significado exato, pelo que acreditam que se trata do nome de uma pessoa, possivelmente uma mulher.
“A datação por carbono-14 da pedra de Svingerud situa-se entre 50 a.C. e 275 d.C., o que abrange um intervalo de tempo bastante amplo, mas que se enquadra perfeitamente nas inscrições mais antigas que conhecemos de outros tipos de materiais e objetos: broches, armas e outros equipamentos pessoais”, comenta a investigadora Lisbeth Imer.
“Apedra de Svingerud foi esculpida com runas, depois destruída, depois esculpida com uma nova inscrição, etc.”, explica Imer.
“Por isso, talvez não a devêssemos ver como uma pedra rúnica, mas como algo completamente diferente. Ainda há mistérios a resolver aqui”, conclui.