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Radioativo, roubado, comprado por 30 milhões. Os 3 cadernos mais icónicos da História

Wikimedia Commons

“Codex Leicester”, caderno de Leonardo da Vinci

Ao longo da História, milhares de figuras inconfundíveis rabiscaram as mais diversas coisas nos seus cadernos, que acabaram por mudar a história. Alguns conservam-se até aos dias de hoje. Outros perderam-se no tempo.

Para a história, ficaram 3 cadernos particularmente interessantes: um deles esteve perdido durante mais de 20 anos, e continha um esboço que deu origem à Teoria da Evolução das Espécies — foi encontrado num misterioso saco cor de rosa.

Outro contém ainda radioatividade e tem de ser consultado com equipamento próprio, e um outro foi comprado pelo milionário Bill Gates — custou 30 milhões de euros e pertencia a Leonardo da Vinci.

“Bibliotecária, feliz Páscoa!”

O cientista Charles Darwin começou por pensar a sua Teoria da Evolução das Espécies através do desenho de uma árvore. Essa árvore foi desenhada no século XIX num caderno que é considerado um dos mais importantes da história — vale milhões de euros.

Problema: o caderno, junto com um outro que também pertencia ao icónico cientista inglês, perdeu-se. Mais propriamente, terá sido roubado.

Estava desaparecido há mais de 20 anos quando, um dia, a bibliotecária da Universidade de Cambridge, em Inglaterra, saiu do seu gabinete em 2022 e “ficou a tremer”.

No chão, pousados na via pública, estavam os dois blocos de notas, deixados anonimamente num saco de oferta cor-de-rosa brilhante que continha a caixa azul original onde os cadernos estavam guardados os cadernos desaparecidos e um envelope castanho simples. No papel estava impressa uma pequena mensagem: “Bibliotecária, Feliz Páscoa, abraço.”

“São uns dos documentos mais notáveis de toda a história da ciência”, explica a bibliotecária, que confessa à BBC que chorou de emoção ao encontrar os documentos. Agora, os cadernos continuam guardados em segurança em Cambridge.

Quanto vale Da Vici? Para Bill Gates, 30 milhões

O milionário fundador da Microsoft é um verdadeiro aficionado por livros. Tem vários artigos raros de coleção, selecionados por um livreiro profissional.

Em 1994, decidiu comprar o “Codex Leicester” de Leonardo da Vinci, um manuscrito que data do século XVI, por 30,8 milhões de dólares (29,4 milhões de euros) num leilão — foi o livro mais caro alguma vez vendido. Entretanto, Gates tem emprestado o documento a museus para exposições temporárias.

Este Codex, de 72 páginas, é considerado por muito o mais importante de Leonardo da Vinci. Na verdade, constam nele esboços, diagramas e as primeiras iterações de ideias do génio renascentista.

Não é um simples documento que regista os seus processos de pensamento; é um documento muito confuso no qual ele desenvolve as suas ideias”, disse o curador de arte Alex Bortolot ao Business Insider.

O documento centra-se nos pensamentos de Da Vinci relacionados com a água, desde marés a remoinhos e barragens, e com a relação entre a Lua, a Terra e o Sol.

Tesouros forrados a chumbo

Marie Curie foi a única mulher a ganhar um Prémio Nobel em duas áreas diferentes, física e química. Juntamente com o marido, o físico francês Pierre Curie, descobriram um novo elemento radioativo em 1898: o polónio.

Devido às suas experiências com elementos repletos de radioatividade, a casa dos Curie ficou, ela própria, radioativa — Marie levava frequentemente frascos de polónio e rádio no bolso do casaco e guardava-os na gaveta da secretária.

Não é de surpreender, portanto, que os próprios cadernos da cientista estivessem repletos de radioatividade. Os pertences de Curie têm cerca de 100 anos, mas, segundo conta o CS Monitor, serão necessários mais 1.500 anos para que fiquem com metade da radioatividade que têm atualmente.

Os pertences da sua casa, desde eletrodoméstico e móveis até aos mais simples objetos estavam repletos de rádio-226, e ainda hoje estão expostos na Biblioteca Nacional de França, onde são forrados com chumbo e quem os quiser ver tem de utilizar equipamento especial, luvas próprias e até a sala tem de estar devidamente climatizada.

O próprio caixão de Marie Curie está forrado a chumbo, devido ao facto de o seu próprio corpo conter perigosos níveis de radioatividade, cujos efeitos letais não se conheciam na altura.

Se quiser ver os cadernos radioativos de Curie, não o faça sem equipamento. Caso tenha mais interesse no “Codex Leicester”, terá também de aguardar por uma exposição temporária. Admirar a “árvore da evolução” darwinista é mais simples — basta viajar até Cambridge para ver um dos documentos mais intrigantes da História.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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