Depressão Ivo atinge país em força. São agora 10 os distritos sob aviso vermelho, o mais grave, com ondulações até 15 metros e rajadas até 100 km/h. Vem aí mais chuva e vento forte e neve.
A depressão Ivo atingiu Portugal Continental com tudo esta quarta-feira. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) elevou de sete para 10 os distritos sob aviso vermelho, o mais grave, e emitiu também avisos laranja e amarelo para vários distritos do continente por causa da chuva, vento forte e queda de neve.
Os distritos do Porto, Faro, Setúbal, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Beja, Aveiro, Coimbra e Braga vão estar sob aviso vermelho a partir das 18:00 desta quarta-feira até às 06:00 de quinta-feira, passando depois a laranja até às 15:00 de quinta-feira por causa da ondulação.
O mau tempo tem provocado estragos um pouco por todo o país nos últimos dias.
Esta quarta-feira, Matosinhos está a sofrer: uma escola foi evacuada devido à queda de chapas provocada pela chuva intensa e vento forte que se fizeram sentir no Grande Porto.
A Escola Secundária Gonçalves Zarco foi evacuada. Não há vítimas, mas, uma vez que a escola é rodeada por árvores, foi decidido evacuar o estabelecimento de ensino como medida de precaução.
Ainda em Matosinhos, cerca das 08h20, uma árvore caiu sobre a linha do metro, junto à estação de Pedro Hispano, obrigando à interrupção da circulação até cerca das 08h40. Neste concelho, há ainda a registar inundações, nomeadamente da via pública, e a queda de telhas sobre viaturas estacionadas. No concelho do Porto, além de inundações, registou-se a queda de um telhado, na rua Silva Porto, provocando danos num carro estacionado.
Mas um dos momentos mais assustadores foi registado na Figueira da Foz, onde parte do chão do bar de praia “Jet 7.5 Food & Drinks” levantou, com um dos funcionários a gravar o momento em pânico, provocando, surpreendentemente, poucos estragos.
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Na Vila das Aves também se viveram momentos assustadores, no pavilhão do Clube Desportivo das Aves, cuja fachada foi levantada pelo vento. O clube lançou uma angariação de fundos nas redes sociais para que os treinos possam retomar.
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Perto das Aves, a queda de uma árvore impediu esta quarta-feira a circulação ferroviária entre Santo Tirso e Guimarães.
Mar agitado
O IPMA prevê ondas de noroeste com sete a oito metros, podendo atingir 15 metros de altura máxima.
Por causa da previsão do IPMA, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) alertou para o agravamento do estado mar em Portugal continental até às 00:00 de sexta-feira.
As barras marítimas de Aveiro, Caminha, Douro, Esposende, Figueira da Foz, Vila Praia de âncora, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Ericeira, Sã Martinho do Porto e Alvor estão fechadas a toda a navegação devido à agitação marítima, segundo a Marinha Portuguesa.
Viana do Castelo e Leixões estão fechadas a embarcações de comprimento inferior a 30 e 24 metros, respetivamente.
Chuva e rajadas até 100 quilómetros por hora
O IPMA emitiu também aviso laranja para os distritos do Porto, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Coimbra e Braga devido à previsão de vento forte com rajadas até 100 quilómetros por hora até às 09:00 desta quarta-feira, passando depois a amarelo.
Bragança, Viseu, Guarda, Faro, Vila Real, Setúbal, Beja, Castelo Branco e Aveiro estão também sob aviso amarelo até quinta-feira por causa do vento forte.
O IPMA colocou também sob aviso amarelo os distritos de Bragança, Viseu, Porto, Guarda, Castelo Branco, Vila Real, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga devido à chuva.
Neve deixa 6 distritos sob aviso
Guarda, Bragança, Vila Real, Viana do Castelo, Braga e Castelo Branco também estão sob aviso amarelo devido à previsão de queda de neve acima dos 1.000/1.200 metros entre as 18:00 de hoje e as 00:00 de quinta-feira.
A costa norte da ilha da Madeira e o Porto Santo vão estar sob aviso amarelo entre as 06:00 e as 15:00 de quinta-feira devido à agitação marítima forte.
O aviso vermelho é emitido pelo IPMA nos casos de situação meteorológica de risco extremo. Já o aviso laranja indica uma situação meteorológica de risco moderado a elevado e o amarelo risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.
Há boas notícias
As chuvas dos últimos dias trouxeram, por outro lado, boas notícias para as albufeiras do continente, onde o armazenamento de água aumentou 5,5% numa semana e na generalidade as disponibilidades hídricas estão acima da média, com exceção da bacia do Mondego e de bacias do sul do país.
No fim de janeiro, segundo o boletim sobre as albufeiras divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com dados de segunda-feira, o armazenamento por bacia hidrográfica era superior à média de armazenamento de janeiro (de 1990/91 a 2023/24) exceto para as bacias do Mondego (mas quase na média), Sado, Mira, Arade e Ribeiras do Barlavento.
Em termos de volume total armazenado, com as chuvas dos últimos dias atingiu-se os 77% de capacidade no continente, um aumento de 5,5%, correspondendo a mais 725 hm3 (hectómetros cúbicos) entre os dias 23 e 27 de janeiro.
Em 77 albufeiras monitorizadas 39 estão com uma percentagem de volume armazenado entre 81 e 100% e 22 estão ente os 61 e os 80%. Cinco albufeiras estão a 100% ou mais e várias outras estão perto dos 100%.
Há 13 albufeiras cujo armazenamento varia entre 21 e 60% e subsistem três a menos de 20% da capacidade: Arade, Algarve, a 17%, Bravura, Algarve, a 14%, e Monte da Rocha, no Alentejo, a 13%.
Na última semana as bacias com menos água aumentaram o armazenamento mas em percentagens baixas, como a Ribeiras do Barlavento (0,94%), Mira (2,6) e ARADE (2,4%).
Em termos gerais no norte e centro a maior parte das bacias tem um armazenamento superior à média. A bacia do Ave, por exemplo, está a 97,2% quando a média para esta altura é de 73,6%. A bacia do Tejo superou os 80%, quando a média ronda os 74%. Teve uma subida de 12% na última semana e tem já albufeiras nos 100%.
Já na zona do barlavento algarvio e baixo Alentejo a situação é bem diferente. A bacia do Mira está nos 39% (média é de 74,7%) e a do Barlavento nos 14,2%, para uma média de 70%. Na zona do Sotavento a situação é melhor, com um armazenamento de água superior à média nas albufeiras de Beliche e Odeleite.
ZAP // Lusa /