Um quarto do mundo é favorável ao Hamas. Um quinto nunca ouviu falar do Holocausto

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Quase metade dos adultos do mundo defende ideias anti-semitas, revela um novo estudo. Em Portugal, 21% das pessoas tem crenças anti-judaicas e ainda há quem nunca tenha ouvido falar do Holocausto.

Um estudo da Liga Anti-Difamação (ADL) revelou que 46% dos adultos em todo o mundo têm convicções anti-semitas enraizadas.

De acordo com estes dados, baseados numa sondagem feita a 58.000 adultos em 103 países, no ano de 2024, cerca de 2,2 mil milhões de pessoas em todo o mundo têm crenças anti-semitas.

76% dos inquiridos no Médio Oriente e no Norte de África disse concordar com a maioria dos estereótipos, incluindo “os judeus têm demasiado poder nos negócios”, “a lealdade dos judeus é apenas para com Israel” e “os judeus têm muitos defeitos irritantes“.

Os povos que mais ódio sentem contra a comunidade judaica são os da Cisjordânia e Gaza (97%), a par do Kuwait (97%) e seguidos da Indonésia (96%), realça o The Telegraph. No geral, as regiões onde se verifica maior grau de antissemitismo são o Médio Oriente e o Norte de África.

Na Europa, o índice de antissemitismo é menor, fixando-se nos 17%. No entanto, Portugal está acima da média europeia: 21% dos portugueses tem ideias anti-judaicas.

No site da ADL, é possível visualizar de forma interativa os dados.

É ainda possível perceber padrões nos mais jovens. Das pessoas entre os 18 e os 35 anos, 40% acreditam que “os judeus são responsáveis pela maior parte das guerras do mundo” e 47% a concordarem que “os judeus têm muitos defeitos irritantes”, em comparação com 23% e 28%, respetivamente, entre os inquiridos com 65 anos ou mais.

O estudo também analisou a perceção das pessoas em relação a conflitos recetes, como a guerra na Palestina e Israel, ou mais antigas, como a Segunda Guerra Mundial.

No conflito israelo-árabe, a maioria dos inquiridos (63%) era favorável à Palestina. Entre as pessoas com menos de 35 anos, o apoio a Israel desce ainda mais, e sobe para 75% no caso da Palestina.

Em relação ao Hamas, 23% dos inquiridos são favoráveis ao grupo terrorista, percentagem que sobe para 29% entre os que têm menos de 35 anos.

Em relação ao Holocausto, 20% das pessoas inquiridas nunca ouviram falar dele, e menos de metade (48%) acreditam que “o Holocausto aconteceu e que o número de judeus que morreram foi descrito de forma justa pela História”. 4% do mundo acredita que o Holocausto nunca existiu.

Em Portugal, 4% das pessoas nunca ouviram falar do Holocausto (acima da média europeia, com 3%), mas apenas 1% acredita que este nunca aconteceu.79% dos cidadãos da União Europeia acreditam que o Holocausto existiu e que é narrado de forma correta.

No Politico, o CEO da ADL,  Jonathan Greenblatt, escreve que “em termos simples, estes dados revelam uma falha gritante na transmissão da memória e das lições do Holocausto às gerações mais jovens — o futuro do nosso mundo”.

“Estes dados devem ser um sinal de alerta. O antissemitismo não é uma questão abstrata — é uma ameaça que se manifesta na violência, no ódio e na erosão da coesão social”, escreve Greenblatt.

O nível de antissemitismo da população continua a aumentar. No primeiro ano em que foi realizado este inquérito da ADL, que o faz todos os anos, a percentagem mundial de antissemitismo era de 26%. Em 2024, passou para 46%.

“Vamos fazer com que este seja o último recorde de ódio que teremos de bater”, apela Greenblatt.

ZAP //

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1 Comment

  1. Antissemitismo é uma expressão enganadora: todos os povos da Palestina e arredores são semitas, não são só os israelitas. Deviam antes falar em anti-judaicos ou anti-sionistas.

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