Ter nojo é normal. Até das fezes dos próprios bebés. Mas há um momento crucial em que os pais deixam de ter essa sensação.
O nível de nojo que os pais sentem parece mudar ao longo do tempo.
A ciência diz que o nojo é uma sensação que terá evoluído como forma de evitar agentes patogénicos, como os que se encontram nas fezes ou no vómito, como uma espécie de “sistema imunitário comportamental”.
Para saber mais sobre este fenómeno do “nojo das fraldas dos filhos”, um grupo de cientistas recrutou 99 pais e 50 “não pais”, com idades compreendidas entre os 18 e os 73 anos, nos EUA e no Reino Unido.
Como detalha a New Scientist, quase metade dos pais tinha bebés que usavam fralda, dos quais a maioria mudava pelo menos duas fraldas por dia.
Os participantes preencheram uma escala de nojo normalizada – que lhes pedia para classificar as suas reações a coisas como ver uma barata ou tocar num gato morto – bem como questões relacionadas com a parentalidade, como mudar as fraldas perto do jantar.
Em seguida, os investigadores testaram o comportamento de repulsa dos participantes, medindo o tempo que olhavam para uma imagem repulsiva – como vómito ou fraldas sujas – em comparação com uma imagem mais neutra, como um cão adormecido ou uma taça de fruta.
No estudo, cujas conclusões foram publicadas recentemente no PsyArXiv, os investigadores descreveram que os pais de bebés que já tinham sido desmamados sentiam menos nojo do que os que não eram pais e os pais cujos bebés ainda só consumiam líquidos.
Ou seja, os pais deixam de achar as fraldas nojentas quando os bebés passam a comer alimentos sólidos.
Outra das conclusões do estudo é que a aceitação mais tardia de substâncias repugnantes após o desmame pode permitir uma ligeira diminuição das barreiras protetoras dos pais, o que poderia ajudar a preparar o sistema imunitário dos filhos.
“Estas descobertas são fascinantes e esclarecem a forma como o nojo nos ajuda a enfrentar os desafios da vida”, disse, à New Scientist, Hannah Berg, do Laureate Institute for Brain Research em Tulsa, Oklahoma, que não esteve envolvida na nova investigação.
“Este sistema de repugnância pode-se auto-modular de uma forma impressionantemente matizada para responder às exigências da parentalidade: fazer o trabalho muitas vezes sujo de criar um bebé, ao mesmo tempo que se mantém a si e ao seu filho em segurança, e ajuda o seu filho a desenvolver o seu próprio sistema imunitário forte”, acrescentou.