Líder do Chega pede Conselho de Estado sobre segurança, presidente da República pede opinião em vez de decidir sozinho.
O tiroteio num centro comercial em Viseu, que matou uma pessoa, fez com que André Ventura pedisse uma reunião do Conselho de Estado a Marcelo Rebelo de Sousa sobre a segurança em Portugal.
O presidente do Chega também convocou para esta terça-feira, dia 7, um debate de urgência na Assembleia da República sobre segurança.
O Presidente da República revelou na sexta-feira que considerou prudente consultar os demais conselheiros de Estado sobre este pedido de André Ventura – por ter sido feito por escrito.
“Acho que era prudente antes das próximas reuniões do Conselho, os senhores conselheiros dizerem também – se quiserem, podem não querer – por escrito o que pensam da ideia”, justificou o Marcelo.
Já no dia anterior, um comunicado oficial indicava: “Na sequência da missiva remetida pelo Conselheiro de Estado Professor Doutor André Ventura, o Presidente da República solicitou que a mesma fosse enviada aos demais Conselheiros de Estado para transmitirem o que tiverem por conveniente”.
“Ou seja, o presidente da República foi perguntar ao seu órgão de aconselhamento se devia ser aconselhado pelo órgão de aconselhamento“, reage Vítor Matos, especialista em política.
“Isto é absurdo!”, continua, na rádio Observador: “O presidente, ou decide que quer ser aconselhado, ou decide que não quer ser aconselhado: não pergunta ao conselheiro se lhe deve dar conselho”.
Nesse contexto, Vítor Matos lembra a reacção de Carlos César. O presidente do PS disse no Expresso que “a metodologia que emana da iniciativa de Ventura é o caminho mais curto para uma grosseira manipulação partidária do Conselho de Estado, facto sem precedente na nossa ordem institucional”.
Vítor Matos acrescenta: Marcelo está a deixar o Conselho de Estado ser “partidarizado e manipulado por André Ventura, cedendo à tentativa de desgaste das instituições”.
Marcelo é Marcelo e nunca foi outra coisa.
Está finalmente a revelar-se aos crentes e iludidos que, decepcionados, batem no peito em sinal de culpa.
Só se decepciona quem se ilude.
A mim, NUNCA enganou. Jamais me decepcionaria.