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Nascem menos crianças, mas aumentam as famílias numerosas em Portugal

Mais de 50% das crianças nascidas em 2023 são filhos únicos. Mas há mais famílias grandes: 700 mulheres em Portugal têm 5 filhos. Ainda assim, a vontade de ter filhos supera a realidade das crianças que nascem. O que pode ser feito?

Portugal é o país da União Europeia (UE) com a maior proporção de famílias só com um filho, comunicou em julho a PORDATA, por ocasião do Dia Mundial da População.

Das famílias portuguesas, apenas 27% têm crianças e, entre estas, quase dois terços tem apenas um filho, apontara a Lusa.

No entanto, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que o número de famílias numerosas (entre 3 a 6 filhos, nomeadamente) tem vindo a aumentar.

A maior subida, de 41%, registou-se no quinto filho. Em 2023, mais de 700 famílias tinham cinco filhos, pela primeira vez em 10 anos. Desde 2013, há mais 40% de sétimos filhos. 2015, 2019 e 2021 foram os anos com mais oitavos filhos. (26 famílias), denota o JN.

Em relação ao décimo filho, apenas uma mulher portuguesa atingiu esse marco este ano (uma mãe de 41 anos de Loulé), longe das 12 que se registaram em 2013.

Ainda assim, Portugal ainda faz jus à alcunha de “país dos filhos únicos”, e as famílias numerosas representam apenas 6% do total de famílias com filhos: dos 85.699 bebés nascidos em Portugal no ano passado, mais de 50% foram primeiros descendentes. Foi o ano em que se registaram mais primeiros nascimentos.

No entanto, o problema não parece estar na vontade dos portugueses, mas sim nas dificuldades em ter os filhos, como denota a presidente da Associação Nacional de Famílias Numerosas (ANFM), Ana Cid Gonçalves. “O número de filhos desejado é muito superior à fecundidade concretizada” assegura, pelo que é preciso dar “mais apoios à família”.

O principal problema, diz ao JN, é o preconceito de que “as famílias numerosas são muito ricas ou muito pobres”, o que “não corresponde de todo àquilo que é a realidade nacional. As famílias numerosas são totalmente transversais. É uma escolha de vida que em Portugal é particularmente difícil“.

As famílias numerosas “vivem realidades difíceis e exigentes e têm que ser bastante criativas para enfrentar todos os encargos e logística do dia a dia”, diz a presidente a ANFM.

Dá um exemplo concreto: “Na redução do IVA na eletricidade, por exemplo, estas famílias não conseguem ter 6,9 kVA de potência contratada, devido aos gastos que há em casa. E se não tiver 6,9 kVA, não tem qualquer redução”.

“Se houvessem políticas para dar às famílias a liberdade de terem os filhos que desejam ter, talvez a questão demográfica começasse a ser corrigida“, conclui.

ZAP //

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