Sentir medo pode reduzir inflamações

Afinal, rir não é o melhor remédio. Pelo contrário. Se não souber como ocupar o seu tempo, uma casa assombrada é melhor opção do que um filme cómico.

A hiperventilação estimula o sistema nervoso de forma semelhante ao medo, e reduz a inflamação.

Isto levou Marc Andersen, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e os seus colegas autores do estudo que será publicado na edição de janeiro da Brain, Behavior, and Immunity a questionarem-se se o medo teria o mesmo efeito.

Para descobrir, a equipa analisou 113 pessoas que passaram uma hora numa atração de uma casa assombrada na cidade de Vejle, na Dinamarca. Tiraram sangue aos participantes antes e depois de percorrerem as 50 salas da casa, que estavam cheias de palhaços, zombies e monstros com máscaras de porco que empunhavam serras elétricas.

Os investigadores também recolheram amostras de sangue três dias depois, concentrando-se nos 22 participantes que apresentavam uma inflamação ligeiramente elevada.

A inflamação foi medida pelos níveis de um marcador chamado proteína C-reactiva (PCR) antes de os participantes entrarem na casa assombrada. e uma surpresa aconteceu: três dias após a visita, 18 desses participantes tinham níveis de PCR significativamente reduzidos.

“Sabemos que a inflamação de baixo grau na forma crónica não é saudável”, pelo que a sua redução poderá trazer benefícios, diz Andersen ao New Scientist.

“Hesitaria em dizer que se virmos filmes de terror podemos prolongar o nosso tempo de vida”, afirma Eric Shattuck, da Florida State University em Tallahassee. “No entanto, os estímulos sociais que evocam o terror, como os filmes de terror, podem diminuir temporariamente a inflamação”, garante.

Ainda que o prazer que sentimos ao experienciar medo e sermos assustados se prenda mais com a adrenalina, o investigador garante que esse gosto de algumas pessoas pelo terror se pode prender também com os benefícios agora desvendados.

Embora a inflamação tenha sido associada a muitos problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas e demência, é também uma parte vital da resposta imunitária, motivo pelo qual não é aconselhado reduzir completamente os seus níveis.

Não queremos desregular a inflamação ao ponto de a tornar menos eficaz para nos ajudar a combater as infeções. Dito isto, pergunto-me até que ponto isto seria razoável; o sistema imunitário é bastante resistente”, diz Shattuck.

ZAP //

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