Boaventura quis por “mordaça” às vítimas, Tribunal de Coimbra não deixou

Metabolic Rifts Porto

Boaventura tentou impedir as vítimas de se pronunciarem, mas o Tribunal de Coimbra rejeitou a decisão. Sociólogo pode avançar com nova ação contra o CES.

No comunicado de imprensa com que anunciou ontem a sua demissão do Centro de estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), Boaventura de Sousa Santos escrevia que recebera “ameaças que são inaceitáveis e que conduziram a este desfecho“.

“Tentei ser respeitoso e cooperante com todas as iniciativas que se desenvolveram no CES, mas é evidente que a caça contra mim assumiu dimensões insuportáveis e ilegais, pelo que não posso ir mais longe”, continuava ainda o comunicado.

Boaventura garantiu também ter sido alvo de “tentativa de linchamento” por parte do CES, de quem diz ter sido bode expiatório.

De acordo com o Diário de Notícias, parece poder deduzir-se, com base nessas afirmalções e no comunicado interno, onde escreveu que não confia que “possa haver no CES qualquer tipo de julgamento imparcial” que Boaventura sabe ou tem motivos para concluir que o resultado do processo de averiguações lhe não terá sido favorável.

Segundo o jornal, pode mesmo estar em causa um processo disciplinar com vista ao despedimento – daí Boaventura acusar a direção do CES de o querer “expulsar”.

Na noite desta terça-feira, a direção do CES fez chegar ao DN um comunicado em resposta às acusações de BSS, informando que “o processo prévio de inquérito que visava o apuramento indiciário de factos concretos e seus agentes” foi “concluído”, mas “qualquer eventual ação subsequente é supervenientemente inútil”.

Ou seja, com a demissão de Boaventura, qualquer processo disciplinar que lhe pudesse ser aplicado deixa de fazer sentido.

O DN fala ainda da possibilidade de o sociólogo avançar com uma ação ou queixa contra o CES, que seria o terceiro processo desencadeado pelo próprio na sequência das denúncias de que foi alvo desde março de 2023.

Tentativa de silenciar vítimas recusada

Lara Roque Figueiredo, advogada de quatro mulheres que acusaram Boaventura de Sousa Santos de assédio sexual, lembrou ao DN que o sociólogo requereu uma medida provisória para impedir as quatro rés de falar publicamente sobre ele e o processo (o DN fala mesmo em “mordaça”), pedido esse que foi agora negado pelo Tribunal de Coimbra.

A advogada garante ainda que a magistrada que está encarregue do caso apelou à liberdade de expressão das vítimas.

Boaventura tinha já instaurado uma ação civil contra quatro das mulheres que fazem parte do Coletivo de Vítimas do CES, e anunciou agora outra ação, “a entrar nos próximos dias”, contra as restantes mulheres que integram o coletivo e o acusam, justificando que a primeira diz respeito às residentes em Portugal e a segunda às não residentes.

ZAP //

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