Alguns gatos têm “sotaque” — e a culpa é da sua cauda

Um novo estudo revela que os gatos com caudas enroladas para trás podem enfrentar desafios de comunicação devido à sua caraterística única.

Os gatos são conhecidos pela sua linguagem corporal, que utilizam para comunicar. Uma cauda esticada, muitas vezes com uma ligeira curva na ponta, é um sinal felino comum de simpatia e contentamento.

A cauda enrolada para trás, que se pensa ser o resultado de uma mutação genética, é uma caraterística que alguns criadores estão agora a promover sob o nome proposto de raça “American ringtail”. Ao contrário dos gatos com a cauda normal, estes felinos não conseguem manter a cauda na posição vertical tradicional, algo essencial nas interações sociais felinas.

De acordo com a Scientific American, os investigadores acreditam que esta caraterística invulgar pode funcionar como uma espécie de “sotaque”, exigindo que os outros gatos se adaptem e interpretem os seus sinais de forma diferente.

Morgane Van Belle, etóloga felina da Universidade de Ghent, encontrou pela primeira vez gatos de cauda enrolada enquanto estudava as interações entre gatos em ambientes domésticos. Os donos de dois gatos de cauda enrolada partilharam vídeos que mostravam os seus animais de estimação a interagir com gatos de cauda normal nas suas casas.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Veterinary Journal, concluiu que os gatos de cauda normal que viviam com companheiros de cauda enrolada pareciam adaptar-se bem. Isto sugere que esses gatos usaram sinais alternativos – como a posição das orelhas, a postura corporal e o cheiro – para comunicar.

Sandra Nicholson, da University College Dublin, observa que, embora a cauda enrolada possa reduzir alguma capacidade de sinalização, os gatos confiam numa combinação de pistas, incluindo expressões faciais e postura corporal.

Curiosamente, o estudo estabelece paralelos com certas raças de cães que têm caudas enroladas, como os Pomeranians e os Shiba Inus. Daniel Mills, comportamentalista veterinário da Universidade de Lincoln, salienta que podem existir desafios semelhantes nos cães, especialmente se estes interagirem apenas com a sua própria raça.

ZAP //

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