Marcas low-cost baixam preços para competir com a Digi (mas há dúvidas sobre a cobertura)

A Amigo e a Uzo vão passar a ter serviços de televisão e baixaram os preços e as fidelizações para responder ao abanão trazido pela Digi. No entanto, há questões sobre as zonas em que os pacotes de fibra ótica estão disponíveis.

Tal como prometido, as três grandes operadoras de telecomunicações do mercado nacional já começaram o contra-ataque à operadora romena Digi, oferecendo preços mais baixos, pacotes mais abrangentes e fidelizações mais curtas.

A Amigo, detida pela Vodafone, anunciou esta sexta-feira novas ofertas com preços a partir dos 5 euros mensais por um tarifário móvel com 100 GB de dados ou de 7 euros por dados ilimitados. Antes deste anúncio, o preço mais baixo era 10 euros e não havia oferta de dados ilimitados.

O preço da fibra ótica também caiu de 27 euros para 15 euros e a fidelização passa agora de ser de três meses, tal como a da Digi, em vez dos dois anos que eram o padrão no mercado antes da chegada da empresa romena.

A Amigo vai agora também passar a ter oferta de televisão, que acresce mais sete euros ao pacote, sendo o preço final de 22 euros. O serviço de TV tem apenas 60 canais, estando em falta todos os canais da SIC e a CMTV — o mesmo que acontece na Digi. Ao contrário da operadora romena, onde os clientes podem personalizar o seu pacote, a oferta da Amigo obriga a que os clientes comprem a fibra e a televisão juntas, não sendo possível subscrever apenas à televisão.

Estes preços da Amigo serão oferecidos até ao fim do ano, mas vão subir três euros a partir de 2025, exceto no caso da oferta fixa, onde a velocidade da fibra desce para metade, avança o ECO.

Do lado da Uzo, que é detida pela MEO, também há mudanças. A oferta de internet fixa com velocidade até 1 Gbps ficou mais barata, caindo de 27 euros mensais para 15 euros, com uma fidelização de seis meses.

A marca também anunciou um novo serviço de televisão disponível através de uma aplicação, de onde estão novamente ausentes os canais SIC e a CMTV. Para aderir ao serviço de televisão — que custa mais 15 euros — o cliente tem de aderir obrigatoriamente à internet, pagando-se um total de 30 euros pelos dois serviços.

Nos tarifários móveis, a Uzo oferece agora 200 GB de dados por 10 euros mensais e passou a dar a possibilidade de acumular os dados, tal como a Digi, que permite que os dados que não gastou num mês acumulem até ao final do mês seguinte. Antes, por 10 euros mensais, os clientes tinham apenas 10 GB de dados e havia dois patamares superiores — 20 GB por 15 euros ou 30 GB por 20 euros.

Por enquanto, a Woo, que é detida pela NOS, ainda não anunciou mudanças nos pacotes, mas o site adianta que vai passar a oferecer um serviço de televisão em breve, tal como o Amigo e a Uzo.

Do lado da WTF, que também é da NOS e oferece tarifários móveis, há vários clientes que relatam estar a receber mensagens que anunciam aumentos de até 10 vezes nos dados sem alterações no preço.

Oferta só onde a Digi já está operacional?

Dado ter entrado há pouco tempo no mercado português, há várias regiões do país onde a Digi não oferece serviços de fibra ótica por não ter cobertura e ainda estar a fazer a instalação dos cabos.

Ao verem as novas ofertas da Uzo e o Amigo, vários membros da página de Reddit r/digipt relataram que decidiram aderir a estas novas condições, mas verificaram que os serviços estão indisponíveis nas suas zonas — apesar de as suas marcas-mãe já lá terem as infraestruturas para a fibra ótica.

“Fui ao site da Amigo e vi que oferecem fibra 1 Gbps + 60 canais pelo mesmo preço da Digi (22€/mês). Pensei que seria uma boa hipótese para mim, que vou mudar de casa, porque a Digi infelizmente ainda não tem cobertura de fibra na zona. Até que…. Percebi que a Amigo, apesar de ser da Vodafone, não oferece serviços na minha zona. Pelo que percebi eles só competem com a Digi nas zonas em que esta tem cobertura“, denuncia um utilizador numa publicação.

O utilizador garante que vai aderir à Digi “assim que estiver disponível, nem que seja por orgulho”. “Em vez de aproveitarem a cobertura que já têm para fidelizar clientes antes que a Digi lá chegue, fazem esta idiotice“, critica.

Numa outra publicação, os utilizadores criaram até uma sondagem para tentar perceber se as operadoras low-cost estão realmente apenas a oferecer estes novos pacotes mais baratos nos locais onde a Digi já é uma alternativa.

“O cartel está com esse modus operandi. Onde há Digi oferecem cobertura das low-cost. Onde não há só oferecem os serviços “principais”. É mudar e deixar arder, meus meninos”, sugere um dos comentários.

Adriana Peixoto, ZAP //

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