Antigo presidente do Governo Regional da Madeira critica Miguel Albuquerque mas acha “estranho que ainda se esteja nos tempos da PIDE”.
Alberto João Jardim foi convidado para falar sobre o novo impasse político na Madeira, mas desviou rapidamente o assunto.
“Este impasse político não é tão dramático como o que se passa aí no continente, em que alguns portugueses morreram por causa de uma lei da greve e de um sistema político que precisam de ser revistos“.
Nesta entrevista à RTP, o antigo presidente do Governo regional da Madeira estava a referir-se aos problemas no INEM.
E não poupou os “actores políticos do continente”, que andam “a brincar ao jardim-escola” e a ver “quem é culpado”.
“O sistema tem de ser mudado. Ponto final. Os senhores têm uma lei da greve que, qualquer dia, a polícia faz greve e matam-se todos no Rossio, os bombeiros fazem greve e arde o pinhal de Leiria”.
“Recomendo uma alteração constitucional e ter um sistema político verdadeiramente democrático“, sugeriu, recusando recomendar a demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
Em relação à Madeira, Alberto João Jardim acha que “a Justiça não funciona” e que estão a levantar-se suspeitas com base em denúnciasanónimas: “Acho muito estranho que ainda se esteja no tempo da PIDE: as pessoas já perceberam que uma denúncia anónima pode desencadear processos políticos e criam denúncias anónimas, mancham o nome das pessoas”.
O histórico social-democrata considera que o PSD está “fraccionado” devido a “muitos interesses”, repetindo que Pedro Passos Coelho quis afastá-lo.
“Quando eu vi que o meu partido estava quebrado, decidi vir-me embora, porque o papel de um líder é unir o partido“, atirou, antes de criticar Miguel Albuquerque: “O seu defeito é que não soube unir o partido“.
Se o problema é Miguel Albuquerque, “então todos temos de considerar que Miguel Albuquerque tem de sair, mas sair por cima e sair com toda a dignidade, sem ser posto de parte”, alegou, repetindo que primeiro tem de ser “resolvido o problema do PSD”.
Mas João Jardim não sugere qualquer sucessor para o actual líder do Governo madeirense: “Nessa não me meto. Não ficava bem, isso era deitar mais lenha para a fogueira”.
Mas, se houver eleições, “ninguém deve ter medo. Até gostava de que houvesse eleições se o PSD-Madeira se unisse e voltasse a ser estável”, respondeu.
Mesmo com tantos problemas no PSD na Madeira – destacou a “subsídio-dependência” – o PS não conseguiu “nem mais um deputado” nas eleições locais porque os madeirenses “não aceitam” esta oposição.