Descobertos seixos em forma de donut com 12 mil anos que podem ser precursores da roda

Yashuv, Grosman, 2024, PLOS One

Os cientistas especulam que os seixos eram usados para a produção têxtil primitiva, especificamente para fiar linho.

Arqueólogos em Israel descobriram um achado notável que pode representar uma das primeiras utilizações da tecnologia semelhante à roda: cerca de 100 seixos em forma de donut, com uma idade estimada em cerca de 12 mil anos, que foram provavelmente utilizados como espirais de fuso.

Estas descobertas, detalhadas num estudo publicado na PLOS One, sugerem que os primeiros seres humanos podem ter utilizado estes seixos para fiar linho e lã, oferecendo uma visão sobre as ferramentas rotativas pré-históricas e as origens da tecnologia das rodas.

Estes pequenos seixos de calcário, cada um pesando entre 1 grama e 34 gramas, foram escavados num local conhecido como Nahal Ein Gev II, situado perto do Mar da Galileia, no norte de Israel. Esta área remonta a uma época anterior à agricultura em grande escala na região, proporcionando uma janela única para as primeiras inovações humanas.

De acordo com Talia Yashuv, estudante de pós-graduação da Universidade Hebraica de Jerusalém e coautora do estudo, os seixos apresentam a forma e a função de uma roda primitiva: um objeto circular com um orifício central ligado a um eixo rotativo.

A utilização de espirais de fuso como ferramentas rotativas é importante porque pode ter lançado as bases para tecnologias posteriores baseadas em rodas, como a roda de oleiro e a roda de carroça, que desempenharam papéis fundamentais no início da civilização, explica o Live Science.

Yashuv, juntamente com o coautor do estudo Leore Grosman, professor de arqueologia, analisou os seixos utilizando tecnologia avançada de digitalização em 3D. Esta abordagem permitiu aos investigadores criar modelos virtuais detalhados, permitindo-lhes examinar a forma, o tamanho e a colocação dos furos com uma precisão inatingível a olho nu.

Os investigadores testaram várias utilizações possíveis para os seixos, excluindo a sua função como contas ou pesos de pesca. As contas são normalmente mais leves e esculpidas de forma mais complexa, enquanto os pesos de pesca dessa época, se existirem, seriam provavelmente maiores e feitos de materiais mais pesados.

A hipótese da equipa de que estas pedras eram espirais de fuso foi ainda apoiada por experiências realizadas com réplicas dos seixos. Yonit Crystal, uma especialista em artesanato tradicional, utilizou estas réplicas para fiar linho e lã, tendo verificado que o linho era mais fácil de fiar, o que sugere uma ligação à produção têxtil primitiva.

Os peritos externos apoiaram amplamente as conclusões do estudo. Alex Joffe, um arqueólogo especializado em artefactos pré-históricos, observou que as provas sugerem fortemente que os seixos foram utilizados para fiar linho, possivelmente para fabricar artigos como sacos e linhas de pesca.

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