O documentário da Netflix “This Is the Zodiac Speaking” revela o testemunho de uma família que lidou diretamente com o principal suspeito de ser o Assassino do Zodíaco.
O caso do Assassino do Zodíaco, um dos mistérios mais duradouros dos EUA, continua por resolver mais de meio século depois. Agora, novas informações chegam no documentário da Netflix “This Is the Zodiac Speaking” sobre Arthur Leigh Allen, o principal suspeito de longa data.
A família Seawater, que conheceu Allen em criança, revela alegações chocantes que ligam Allen ao Assassino do Zodíaco de uma forma que vai muito para além das provas circunstanciais.
Para os irmãos Seawater – Connie, David e Don – Arthur Leigh Allen não era apenas um professor; era um amigo íntimo da família e uma figura paternal. A mãe deles tinha-se aproximado de Allen depois de o marido ter sido hospitalizado, deixando-a a criar os filhos sozinha.
A relação de Allen com a família tornou-se tão forte que ele levava frequentemente as crianças a passear, incluindo “visitas de estudo” a praias e locais naturais. No entanto, o que os irmãos perceberam mais tarde transformou essas boas recordações em algo mais sinistro: alegadamente, tinham sido levados a vários locais que mais tarde se tornaram cenas de crime para o Assassino do Zodíaco.
No documentário, Connie recordou uma viagem a Tajiguas Point em 1963. Allen deixou as crianças no seu carro durante mais de uma hora, regressando com o que parecia ser sangue nas mãos. No dia seguinte, os namorados Robert Domingos e Linda Edwards foram encontrados mortos no mesmo local.
Embora nunca tenha sido oficialmente atribuído ao Assassino do Zodíaco, este crime tem uma grande semelhança com outros assassinatos do Zodíaco: jovens casais em áreas isoladas.
No final da década de 60, o Assassino do Zodíaco tinha confirmado cinco vítimas, embora em cartas à polícia afirmasse que havia muitas mais. Ganhou notoriedade por enviar cartas cifradas e notas provocadoras aos jornais de São Francisco.
Apesar de tudo, Allen nunca foi acusado devido à falta de provas concretas, embora fosse o único suspeito nomeado. Muitos dos antigos alunos de Allen, no entanto, notaram semelhanças perturbadoras entre o seu comportamento e as caraterísticas atribuídas ao Zodíaco.
Os ex-alunos lembram-se dele ensinar técnicas de criptografia estranhamente semelhantes aos códigos do Zodiac, e a tocar música de “The Mikado”, uma ópera cómica referida pelo assassino nas suas cartas.
Segundo o jornal inglês The Independent, o sentimento de inquietação de Connie aumentou quando ela viu o filme de 2007 “Zodiac”, que mapeou os locais dos assassinatos, todos lugares que ela tinha visitado com Allen quando era criança.
No entanto, as suas suspeitas tomaram um rumo sombrio em 1991, quando ela perguntou diretamente a Allen se ele era o Assassino do Zodíaco. Ele respondeu-lhe em tom de brincadeira: “Se te dissesse, teria de te matar”.
O seu irmão David diz ter recebido uma confissão completa de Allen por telefone em 1992. Em lágrimas, Allen admitiu tê-los drogado e molestado quando eram crianças e, quando David o pressionou sobre o seu envolvimento nos assassínios, Allen alegadamente confessou o seu papel. David comunicou esta confissão à polícia, que declarou não haver nada a fazer.
Segundo os irmãos Seawaters, a mãe continuou a acreditar na inocência de Allen, mesmo depois da sua morte em 1992, apesar de ter encontrado cartas em que ele mencionava o Assassino do Zodíaco. Os Seawaters afirmam que ele insinuou a sua culpa até à sua morte.
Paralelamente, em 2021, um grupo de especialistas — conhecido por The Case Breakers — garantiu ter descoberto a verdadeira identidade do Assassino do Zodíaco: Gary Francis Poste. O suspeito em causa morreu em 2018 e, de acordo com a equipa de voluntários, há várias pistas que apontam para si.
A série de assassínios confirmados do Assassino do Zodíaco ocorreu entre 1968 e 1969. O assassino continuou a enviar cartas à imprensa até 1974, embora os homicídios parecessem ter parado depois de Allen ter sido preso por acusações de abuso sexual de crianças, em 1974.
O caso do Assassino do Zodíaco continua em aberto e as autoridades continuam a tentar descodificar duas das suas cifras.