Pensa que só há atrasos em Portugal? Perceba o que está a acontecer – há meses – num dos 10 melhores aeroportos do mundo.
Espreitamos a lista dos 100 melhores aeroportos do mundo neste ano, elaborada pela Skytrax.
Doha lidera, depois Singapura e Seul. Mais lá abaixo, no 8.º lugar, vemos que está o aeroporto de Munique. Um aeroporto que está…a irritar os passageiros; e a Lufthansa também.
Há verificações de segurança rigorosas, longas esperas pela bagagem, transfers que correm mal, há passageiros desesperados.
Ainda na semana passada, as filas chegaram a ser de 2 km. Toda a gente sabia que iria perder o avião, relata o Handelsblatt. Foi preciso chamar reforços, outros funcionários, para tentar controlar a situação.
Ou seja, há um problema evidente: pontualidade.
Até os políticos locais já falam sobre o assunto, exigindo respostas, melhorias. E já.
Porque os longos tempos de espera nos pontos de controlo ou nos tapetes rolantes das malas são quase diários. Os passageiros queixam-se frequentemente.
Lufthansa queixa-se mas também controla
Mas não são só os clientes que estão fartos: a Lufthansa também.
A companhia aérea alemã é “só” o maior cliente daquele aeroporto e o seu responsável, Carsten Spohr, disse aos funcionários que aquele aeroporto era o pior da rede europeia do grupo em termos de pontualidade.
A Lufthansa tinha planeado aumentar o número de voos de e para Munique, mas já inverteu esses planos; agora foca-se mais em Frankfurt.
Quem não gostou de saber disto foi o director do aeroporto, Jost Lammers: “As críticas da Lufthansa surpreenderam-nos e são incompreensíveis”.
O responsável assegura que aquelas filas longas só ocorrem em picos de viagens; no geral, o aeroporto de Munique está “ao mesmo nível” de outros, no que diz respeito a pontualidade.
E mais: avisa que a Lufthansa também é responsável por este cenário, porque opera em conjunto um sector do aeroporto, o terminal 2. “Os processos são definidos e controlados em conjunto”, explica Jost Lammers.
É difícil melhorar
Além de melhorar o mecanismo de controlo de segurança e das malas, através da tecnologia, o ideal também seria contratar mais pessoas – mas é difícil. É uma das zonas da Alemanha com menor taxa de desemprego, não há assim tanta gente disponível. A aposta passa por convencer novos trabalhadores estrangeiros: só no ano passado a administração do Aeroporto de Munique investiu 4 milhões de euros em cursos de línguas para colaboradores estrangeiros.
Outro aspecto difícil de controlar: o clima. Só em Julho e Agosto as trovoadas ou outros eventos extremos mexeram muito com os horários.
Além disso, 80% dos atrasos não são da responsabilidade do aeroporto, mas sim das próprias companhias aéreas, prestadores de serviços ou da capacidade do espaço aéreo, segundo Lammers.
Tudo isto num dos poucos aeroportos da Europa que tem direito a 5 estrelas (nota máxima) da já mencionada Skytrax, empresa de consultoria e avaliação.
Já agora, na tal lista dos 100 melhores aeroportos, o Francisco Sá Carneiro (Porto) está no 80.º lugar e o Humberto Delgado (Lisboa) fica no 90.º posto.