O Evereste é mais alto do que devia. Um rio bizarro empurrou-o para cima

Matteo Leoni / Flickr

O Monte Evereste é mais alto do que deveria ser — e a culpa pode ser de um estranho rio: um estranho um rio em forma de L nos Himalaias, “pirateado” por outro rio há 89.000 anos, causou tanta erosão que pode ter empurrado o pico do Evereste 50 metros para cima.

Um rio “estranho” nos Himalaias pode ter empurrado o pico do Monte Evereste 50 metros para cima. De acordo com um novo estudo, o rio, a cerca de 75 quilómetros do Evereste, foi “capturado” por um outro rio há cerca de 89.000 anos.

A erosão causada por este evento esculpiu um enorme desfiladeiro, levando a uma enorme perda de massa de terra que fez com que a montanha experimentasse um grande surto de crescimento.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado na segunda-feira na revista Nature Geoscience.

Com uma altitude de 8.848,86 metros acima do nível do mar, o Monte Evereste é o pico mais alto da Terra. Mas “é mais alto do que deveria ser“, disse Adam Smith, investigador do departamento de Ciências da Terra da University College London e co-autor do estudo, ao Live Science.

Nos Himalaias, a diferença de altura entre a maioria dos picos das montanhas é de cerca de 50 a 100 metros. Mas o Everest é 250 m mais alto do que a montanha mais alta seguinte, a K2.

“Isto talvez indique que algo de interessante se está a passar“, explica Smith.

Dados de GPS mostram que o Evereste está a crescer a uma taxa de cerca de 2 milímetros por ano, o que é superior à taxa de elevação esperada para a cordilheira. Para descobrir a causa principal, os investigadores analisaram se os rios invulgares dos Himalaias poderiam estar a provocar a subida.

O rio Arun é estranho, pois corre em forma de L“, explica Smith. “A maioria dos rios assemelham-se a árvores, com um tronco relativamente reto e ramos (afluentes) que correm para o tronco”, detalha o investigador.

“No entanto, o Arun corre de leste para oeste ao longo da sua porção a montante, antes de virar 90 graus e correr para sul através dos Himalaias. Isto sugere que talvez o rio tenha mudado recentemente a sua forma, e talvez tenha ‘capturado’ outro rio”, acrescenta Smith.

Para o estudo, os investigadores usaram modelos numéricos para simular a evolução da rede do rio Kosi, que atravessa a China, o Nepal e a Índia, ao longo do tempo. Em seguida, compararam os seus modelos com a topografia existente para determinar qual a simulação que melhor se adaptava.

Os resultados sugerem que o rio Arun, atualmente um dos principais afluentes do rio Kosi, foi capturado pelo Kosi há cerca de 89 000 anos. Este rio desviado levou a um aumento da erosão fluvial, esculpindo o desfiladeiro do rio Arun.

Os investigadores argumentam que a criação deste desfiladeiro e a erosão do rio teriam removido massa terrestre suficiente para tornar a terra circundante mais leve, provocando o aparecimento do Evereste. De acordo com os modelos, a montanha subiu entre 15 e 50 metros desde o evento de captura.

Não se sabe ao certo o que causou a captura do rio, diz Smith. Pode ter sido a erosão de um rio para outro, com o rio Kosi a erodir para trás até entrar no rio Arun e “roubar” parte dele.

Outra possibilidade é que um lago glacial tenha transbordado, desencadeando uma inundação catastrófica que destruiu a barreira natural entre os rios Kosi e Arun. “Não sabemos ao certo qual o mecanismo mais provável”, disse Smith.

O Evereste deverá continuar a crescer até que a rede fluvial tenha respondido plenamente às mudanças que ocorreram, disse Smith.

O próximo passo da investigação passa agora por examinar mais de perto o desfiladeiro e outras áreas que o rio Arun atravessou, o que permitirá definir datas para o evento de captura com base nas quais o modelo pode ser verificado.

ZAP //

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