O último caso humano de gripe das aves nos Estados Unidos foi detetado num paciente que não foi exposto a animais afetados. Este caso está a levantar dúvidas sobre se o vírus se está a propagar entre as pessoas.
Este ano, os Estados Unidos registaram mais de uma dezena de casos humanos de infeção pelo vírus da gripe das aves H5N1.
Estas infeções, tradicionalmente associadas a animais como vacas leiteiras e aves de capoeira, não têm ainda evidência de transmissão de pessoa para pessoa.
No entanto, um caso recente no Missouri, relatado a 6 de setembro pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), destacou-se porque a vítima foi uma pessoa “urbana”, sem exposição conhecida a animais infetados.
Tal cenário gerou dúvidas sobre se o vírus se está a espalhar entre pessoas.
Na sequência deste caso, houve relatos de profissionais de saúde que apresentaram sintomas respiratórios, após contactarem com este paciente.
O caso do Missouri é particularmente notável porque é o primeiro a ser reportado sem ligação direta com animais infetados.
Os exames confirmaram o H5N1, mas sem sinais de adaptação do vírus para uma transmissão mais eficaz entre humanos.
Entretanto, o paciente, que tinha problemas de saúde subjacentes, não desenvolveu uma doença grave e já recuperou.
Apesar de, até agora, não existirem provas de que o vírus se propague entre pessoas, este tipo de casos não permitem que a possibilidade de transmissão humana seja descartada.
Como resolver o mistério?
Especialistas alertaram, à Live Science, que a propagação do H5N1 pode não estar a ser monitorizada adequadamente, em especial nos EUA.
Seema Lakdawala, professora associada de microbiologia na Universidade Emory que investiga o H5N1, criticou especialmente a falta de testes em vacas. Este cenário dificulta a compreensão da distribuição geográfica do vírus. Até julho, o Missouri testou apenas 17 das cerca de 60.000 vacas leiteiras.
Uma potencial fonte de transmissão discutida é o consumo de leite cru, que pode conter altas concentrações do vírus.
Também deve ser feita uma análise contínua de anticorpos em veterinários e em contactos domésticos de pacientes infetados, para entender melhor as vias de transmissão.