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Agora, Governo admite outra origem dos incêndios

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Luís Forra/LUSA

A ministra do Ambiente e Energia, Maria de Graça Carvalho.

Ministra do Ambiente fala sobre as alterações climáticas. “Mas não é só”, sublinhou Maria da Graça Carvalho.

No meio das chamas, e ainda a “quente”, o primeiro-ministro não teve dúvidas ao apontar o fogo posto como uma origem de muitos dos incêndios que destruíram parte de Portugal na semana passada, e mataram pelo menos 9 pessoas.

“Nós não podemos perdoar a quem não tem perdão. Nós não podemos perdoar atitudes criminosas que estão na base de muitas das ignições. Sabemos que há fenómenos naturais e sabemos que há circunstâncias de negligência que convergem para que possam eclodir incêndios florestais. Mas há coincidências a mais”, atirou o primeiro-ministro.

No entanto, os números oficiais mostram que ao longo de 2024, e até ao dia 20 de Setembro, apenas 31% foram causados por incendiários, propositadamente. Ou seja, mais de dois terços dos incêndios não teve origem em incendiarismo.

Nesta terça-feira, a ministra do Ambiente e Energia admitiu uma relação entre as alterações climáticas e os incêndios, embora sublinhando o impacto dos “fatores humanos”.

“Há sempre uma parte que é relacionada com as alterações climáticas. Não é só, mas é evidente que as condições tão invulgares que se deram naqueles três dias, tanto do calor, como do vento, como da humidade muito baixa, têm muito a ver com as alterações climáticas”, afirmou aos jornalistas a ministra Maria da Graça Carvalho, em Nova Iorque, à margem da Cimeira do Futuro.

“Mas não é só. Há toda uma organização da floresta, processos de limpar a floresta, muitos outros fatores humanos que também estão na origem destes fenómenos”, acrescentou.

Maria da Graça Carvalho sublinhou que a questão das alterações climáticas “está presente e é uma realidade para todos”, destacando que, “enquanto há uns anos era tido como um tema mais lateral, neste momento todas as pessoas têm consciência das alterações climáticas”.

“As consequências e os impactos das alterações climáticas são já muito visíveis. Em Portugal tivemos os terríveis incêndios. Temos também todos os anos cada vez mais problemas na nossa costa. Este ano tivemos que fazer intervenções muito dispendiosas na costa portuguesa, no fundo, porque estamos sujeitos a uma grande erosão. Intervenções muito caras, mas para defender e proteger uma costa que é lindíssima. E proteger também as pessoas que lá vivem”, disse.

A governante salientou que a luta contra as alterações climáticas se faz em vários níveis e que, a curto prazo, há um grupo de trabalho coordenado pelo ministro da Coesão dedicado às áreas mais atingidas pelos incêndios, com o apoio do Ministério do Ambiente, especialmente na questão da qualidade da água, que pode ser afetada pelas cinzas, mas também da biodiversidade e de equipamentos ambientais.

Questionada sobre se o Governo está preocupado com a qualidade da água nos concelhos mais afetados pelos incêndios, a ministra do Ambiente admitiu que sim.

“Desde o primeiro momento, a Agência Portuguesa do Ambiente, que é a Autoridade Nacional da Água, está no terreno, nomeadamente na zona de Aveiro, que foi uma das mais atingidas, para fazer retenção de cinzas, para que elas não contaminem as águas”, indicou.

ZAP // Lusa

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7 Comments

  1. Estiveram mais de 40 graus em inúmeros dias no mês de agosto, com risco máximo de incêndio em muitos distritos e não se passou nada. Pensam que as pessoas são estúpidas? Pergunto se um dos incêndios que deflagrou perto de Penalva do Castelo (Sezures ) é fruto de alterações climáticas também, uma vez que teve início à meia-noite e meia?! Não brinquem com a vida das pessoas!

  2. Acham que “apenas ” 31% é pouco?
    E provavelmente são ateados em locais remotos e horas em que o alerta só é dado quanto o fogo já tem grande dimensão
    Se conseguirem acabar com o fogo posto é uma em cada três pessoas que ficaram sem casa ou perderam a vida que são salvas
    As alterações climáticas não são a justificação inevitável para tudo

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