Novas amostras indicam que o mundo recuperará a camada de ozono até 2040. Um protocolo histórico de 1987 fez reduzir até hoje 99% das substâncias prejudiciais à camada.
O boletim anual sobre o estado da camada de ozono e medidas para proteger a saúde humana e o meio ambiente da radiação ultravioleta revelou boas notícias.
A publicação explora o papel das condições meteorológicas e uma grande erupção vulcânica no buraco do ozono na Antártida em 2023 — um dos maiores já registados, atingindo os 26 milhões de quilómetros quadrados. O texto destaca que as avaliações apontam para “um caminho de recuperação real a longo prazo”.
O estudo confirma a continuação da redução das quantidades atmosféricas de gases de cloro e bromo, substâncias de longa duração que destroem o escudo protetor do planeta. Como algumas destas substâncias nocivas também atuam como gases com efeito de estufa, a sua eliminação gradual é benéfica para o clima.
O estudo enfatiza a necessidade de uma monitorização contínua da situação e que a complacência deve ser evitada. Mantendo-se as políticas atuais em vigor, a Antártida poderá ter a camada de ozono recuperada aos níveis de 1980, período anterior ao aparecimento do buraco do ozono, por volta de 2066. Esse fenómeno poderia ocorrer até 2045 no Ártico e até 2040 no resto do mundo.
Protocolo de Montreal
Uma avaliação científica apoiada recentemente pelo Pnuma e pela OMM revela que o buraco do ozono na Antártida tem melhorado lentamente em área e profundidade desde o ano 2000.
A data celebra a adoção do Protocolo de Montreal, considerado o tratado ambiental mais bem-sucedido de sempre. Graças ao acordo, tem-se observado a eliminação gradual de substâncias prejudiciais à camada de ozono.
Concluído em 1987, o acordo global foi criado para eliminar da atmosfera as chamadas substâncias destruidoras da camada de ozono. Até hoje, 99% dessas substâncias foram eliminadas de forma faseada, o que, segundo estimativas, pode ter evitado o surgimento de dois milhões de casos de cancro de pele, graças ao Protocolo.
“Graças a um acordo global, a humanidade evitou uma enorme catástrofe de saúde devido à radiação ultravioleta que seria emitida através de um gigantesco buraco na camada de ozono”, comemorou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em 2022.
O presidente do Grupo Consultivo Científico da OMM sobre Ozono e Radiação Solar UV, Matt Tully, destacou que “desde a sua criação, um dos pilares do Protocolo de Montreal tem sido o seu fundamento numa ciência de altíssima qualidade.”