Vamos ter uma segunda lua! Chega este mês à órbita da Terra

Peter Carril/ESA

2022 NX1, que seguia uma trajetória semelhante à da “mini-lua” que chega à orbita da Terra ainda este mês.

O asteroide 2024 PT5 vem da cintura Arjuna e tornar-se-á a “mini-lua” da Terra — mas só durante dois meses.

O nosso planeta vai ter o privilégio de receber, no próximo dia 29 de setembro, uma segunda lua na sua órbita.

No entanto, ao contrário da nossa Lua, esta está só de passagem pela força gravitacional da Terra. Fica “de férias” na nossa órbita durante 56 dias — parte a 25 de novembro, de acordo com o estudo publicado este mês na Research Notes of the American Astronomical Society.

Descoberto a 7 de agosto, o asteroide 2024 PT5 tem apenas cerca de 10 metros de diâmetro: é descrito pelos autores como uma “mini-lua”, dado que é relativamente mais pequeno comparativamente aos satélites naturais da Terra.

O raríssimo fenómeno foi identificado por Carlos de la Fuente Marcos e Raúl de la Fuente Marcos, da Universidade Complutense de Madrid. Quando os dois astrónomos estudaram a órbita do 2024 PT5, determinaram que o asteroide será temporariamente capturado pela Terra antes de regressar à órbita do Sol.

O Planeta Azul terá, assim, duas luas — a nossa conhecida Lua e a mini-lua 2024 PT5 — durante quase dois meses.

É lixo espacial?

Calma. Os investigadores acreditam que o 2024 PT5 não se trate de lixo espacial, muitas vezes confundido com mini-luas naturais.

Esta nova lua tem uma trajetória semelhante a outros objetos de origem natural, o que indica que é na verdade, provavelmente, um asteroide da cintura de asteroides Arjuna, um conjunto diversificado de rochas espaciais que orbitam o Sol perto do nosso planeta.

É um tipo de objeto próximo da Terra que partilha uma órbita semelhante à do nosso planeta. “A Terra pode capturar regularmente asteroides da população de objetos próximos da Terra e colocá-los em órbita, tornando-os mini-luas“, explicam os autores, citados pelo Live Science.

Vamos ver a segunda lua nos céus?

Infelizmente, o raro acontecimento celeste não será visível a olho nu — nem mesmo através da maioria dos telescópios amadores.

A base de dados do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA já classificou o brilho do asteroide como muito ténue, com uma magnitude absoluta de 27,6.

Só será visível  através de observatórios avançados.

Vai regressar… daqui a 26 anos

Embora as mini-luas sejam raras, esta não é a primeira vez que a Terra “aluga” um espaço a uma segunda lua.

Em 1981, o asteroide 2022 NX1 — que seguia uma trajetória semelhante — transformou-se temporariamente numa mini-lua antes de escapar à gravidade da Terra. Quarenta anos mais tarde, em 2022, regressou, tal como o 2024 PT5 vai regressar, provavelmente em 2051.

A mini-lua vai passar fora da esfera de Hill da Terra a uma velocidade relativa baixa — no intervalo 0,002 km/s – 0,439 km/s. A maior aproximação à Terra em 2025 será a 9 de janeiro, a cerca de 1.800.000 km, altura em que o asteroide terá uma velocidade relativa de 1,03 km/s. A última vez que esteve tão perto da Terra foi a 11 de fevereiro de 2003, quando passou a cerca de 8.584.500 km da Terra.

Segundo a Sociedade Astronómica Americana, o asteroide não completará uma órbita completa durante a sua estadia de quase dois meses. Vai fazer uma órbita em ferradura antes de escapar à atração gravitacional da Terra.

Tomás Guimarães, ZAP //

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