O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou esta segunda-feira uma sobretaxa alfandegária de 100% sobre a importação de carros elétricos chineses.
Seguindo o exemplo dos Estados Unidos e da União Europeia, o Canadá vai impor uma tarifa de 100% sobre as importações de veículos elétricos chineses e uma tarifa de 25% sobre o aço e alumínio importados da China.
As taxas, que serão impostas a partir de 1 de outubro, aplicam-se a todos os veículos elétricos exportados pela China, incluindo os fabricados pela Tesla, disse um funcionário do governo canadiano citado pela agência Reuters.
As ações da fabricante automóvel norte-americana, a mais valiosa do mundo, fecharam em queda de 3,2%.
Recentemente, a União Europeia Comissão Europeia anunciou que iria passar a cobrar taxas alfandegárias adicionais sobre as importações de veículos elétricos da China — com um valor médio próximo dos 21%, mas que podem chegar em alguns casos aos 38.1%.
As importações de automóveis da China para o maior porto canadiano, Vancouver, aumentaram num ano 460%, para 44.356 em 2023, altura em que a Tesla começou a enviar veículos elétricos fabricados em Xangai para o Canadá.
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, afirmou que o seu país estava a agir para combater o que chamou de política deliberada e orientada pelo Estado da China de excesso de capacidade.
“Acho que todos sabemos que a China não está a jogar com as mesmas regras”, disse aos jornalistas, à margem de uma reunião de gabinete à porta fechada de três dias em Halifax, Nova Escócia.
“O que é importante nisto é que estamos a fazer isso em alinhamento e em paralelo com outras economias ao redor do mundo”, disse Trudeau.
Protecionismo
Um porta-voz do Ministério do Comércio da China afirmou esta terça-feira que a medida do Canadá “perturbará a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais” e prejudicará seriamente o sistema económico global e as regras económicas e comerciais.
“O lado canadiano afirma apoiar o livre comércio e o sistema de comércio multilateral baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio, mas viola flagrantemente as regras da OMC, segue cegamente países individuais e anuncia que adotará medidas tarifárias unilaterais, o que é um protecionismo comercial típico”, disse o porta-voz numa declaração.
A ação tem também um impacto sério nas relações económicas e comerciais entre a China e o Canadá, e prejudica os interesses das empresas dos dois países, acrescentou o porta-voz.
A China é o segundo maior parceiro comercial do Canadá, embora esteja muito atrás dos Estados Unidos.
A Tesla não divulga as suas exportações da China para o Canadá. No entanto, códigos de identificação de veículos mostraram que os modelos Model 3 e Model Y crossover estavam a ser exportados de Xangai para o Canadá.
“Esta é uma sobretaxa de 100% sobre todos os veículos elétricos fabricados na China. Se as empresas que atualmente fabricam veículos na China optarem por mover a produção para outro país, não seriam mais abrangidas por esta tarifa”, disse o funcionário do governo.
“Em resposta a estas tarifas, é de esperar que a Tesla ajuste a sua logística e eventualmente exporte os seus automóveis para o Canadá a partir dos EUA”, adiantou Seth Goldstein, analista da Morningstar citado pela Reuters.
A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.