Uma equipa de cientistas descobriu que livros encadernados da era vitoriana podem envenenar os leitores que lhes tocarem.
As cores apelativas e os desenhos nas capas de livros antigos tornam-os irresistíveis a colecionadores e fãs de história. No entanto, alguns desses tons podem ser provenientes de corantes tóxicos.
Agora, uma equipa de investigadores da Universidade de Lipscomb utilizou uma máquina portátil denominada espetrómetro de fluorescência de raios X para analisar a capa de 26 livros.
Segundo o Sci Tech Daily, para investigar os livros de Lipscomb, a equipa utilizou três técnicas científicas diferentes.
Em primeiro lugar, utilizaram a fluorescência de raios X (XRF) para verificar a presença de metais pesados nas capas dos livros. Seguidamente, utilizaram um método chamado espetroscopia de emissão ótica (ICP-OES) com plasma indutivamente acoplado para medir a quantidade destes metais presentes.
Por último, utilizaram pela primeira vez a difração de raios X (XRD) para identificar as moléculas de pigmento específicas que continham estes metais.
Através dos dados da XRF foi possível observar que o chumbo e o crómio se encontravam em alguns dos livros de Lipscomb.
A análise por ICP-OES mostrou que o chumbo e o crómio estavam presentes em níveis elevados em algumas amostras e os testes XRD indicaram que, em alguns casos, estes metais pesados apresentavam-se na forma de cromato de chumbo.
No entanto, havia muito mais chumbo do que crómio nas capas dos livros, uma vez que o cromato de chumbo contém quantidades iguais de chumbo e crómio.
Além disso, os corantes utilizados para colorir os livros contêm outros pigmentos à base de chumbo que não contêm crómio, como o óxido de chumbo ou o sulfureto de chumbo.
A exposição crónica a estes químicos inalados pode provocar efeitos adversos na saúde, como cancro, lesões pulmonares ou problemas de fertilidade.
“É necessário encontrar uma forma de tornar mais fácil para toda a gente saber qual é a sua exposição a estes livros e como guardá-los em segurança”, conclui o investigador Abigail Hoermann, em comunicado.
As descobertas levaram a biblioteca de Lipscomb a selar os livros coloridos do século XIX que ainda foram testados em sacos de plástico com fecho de correr para manuseamento e armazenamento. Por sua vez, os livros que se confirmou conterem corantes perigosos foram também selados e retirados de circulação pública.
A equipa espera que a sua investigação sensibilize bibliotecários, colecionadores e amantes de livros antigos para os potenciais riscos associados aos mesmos.