Há uma nova teoria sobre a explosão dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico em 2022. A operação de sabotagem pode ter sido preparada por altos comandantes ucranianos com o aval do presidente Volodimir Zelenskyy.
O plano nasceu numa noite de copos, foi supervisionado por um general de alta patente, aprovado por Zelenskyy e financiado por empresários ucranianos. Este é o “filme” que o Wall Street Journal (WSJ) conta sobre a sabotagem aos gasodutos Nord Stream que ligavam a Rússia à Alemanha, fazendo passar o gás russo que abastecia parte da Europa.
O jornal norte-americano baseia-se em fontes militares ucranianas para contar este enredo que vem ao encontro de revelações efectuadas sobre a investigação judicial que está a ser feita na Alemanha.
A justiça alemã terá já emitido um mandado de detenção europeu contra um mergulhador ucraniano que residia na Polónia, na altura da sabotagem, e que é suspeito de cumplicidade no atentado. Este homem já terá regressado à Ucrânia.
Álcool, “fervor patriótico” e vingança
A sabotagem do gasoduto “foi autorizada ao mais alto nível em Kiev”, nomeadamente pelo próprio Zelenskyy, assegura o WSJ, frisando que o plano começou a ser “cozinhado” em Maio de 2022, três meses depois da invasão russa da Ucrânia e quando “um punhado de altos comandantes militares e empresários ucranianos” se reuniram para “brindar aos sucessos do país” contra os invasores.
“Embriagado de álcool e fervor patriótico, alguém sugeriu uma ideia radical: destruir o Nord Stream”, relata ainda o WSJ.
Os gasodutos permitiam à Rússia financiar a guerra contra a Ucrânia graças ao transporte de gás russo para a Europa. Assim, o atentado seria uma espécie de “vingança” contra o Presidente russo Vladimir Putin.
De acordo com o jornal norte-americano, o atentado contra os gasodutos foi supervisionado pelo próprio comandante-chefe do exército ucraniano da altura, Valery Zaluzhny.
CIA descobre tudo, Zelenskyy recua, mas já era tarde
Inicialmente, Zelenskyy terá aprovado o plano, refere o WSJ citando como fontes “um oficial” que participou na operação e outros três que conheciam o projecto.
Mas depois, a CIA terá descoberto os planos ucranianos e terá pedido a Zelenskyy para que a ideia caísse por terra.
Então, Zelensky terá ordenado que o plano fosse abortado. Contudo, o comandante-chefe do exército ucraniano da altura ignorou a ordem e a sua equipa avançou no terreno como combinado, assegura o WSJ.
Zaluzhny acabou por justificar-se perante Zelenskyy notando que já era demasiado tarde para avisar a equipa que levou a cabo a sabotagem, pois qualquer contacto poderia colocar os envolvidos em perigo.
“É como um torpedo, uma vez lançado sobre o inimigo não se pode recuperar” e “continua até fazer bum“, terá dito o comandante-chefe a Zelenskyy segundo um alto funcionário que ouviu a conversa e que é citado pelo WSJ.
Ucrânia nega envolvimento na sabotagem
Zaluzhny acabou por ser nomeado Embaixador da Ucrânia em Londres, e assegura ao jornal que não tem conhecimento da operação.
Os Serviços Secretos ucranianos também negam que Zelensky tenha aprovado o alegado plano. E o Presidente da Ucrânia assegura que nem ele, nem o seu país estiveram envolvidos.
“A Ucrânia nunca fez nada parecido e nunca faria semelhante coisa“, afirmou Zelenskyy publicamente no ano passado.
O conselheiro do Presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, apressou-se a falar de um “ataque terrorista planeado pela Rússia” e de um “acto de agressão” à UE aquando da sabotagem.
A operação terá custado cerca de 270 mil euros que terão sido pagos por empresários ucranianos.