O parlamento tailandês elegeu esta sexta-feira a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra, a filha mais nova do antigo líder Thaksin Shinawatra. Com 37 anos, é a primeira-ministra mais jovem de sempre no país.
A eleição de Paetongtarn Shinawatra como primeira-ministra da Tailândia representa um regresso notável da dinastia política fundada pelo seu pai, o bilionário Thaksin Shinawatra, deposto por um golpe militar em 2006.
Paetongtarn torna-se a terceira figura da família Shinawatra à frente dos destinos da Tailândia, depois do pai e da tia Yingluck Shinawatra, que entre 2011 e 2014 foi primeira mulher a ocupar o cargo, e que vive no exílio.
Antiga executiva de uma cadeia de hotéis da família, Paetongtarn Shinawatra é a segunda mulher e a líder mais jovem de sempre, com 37 anos, no cargo de primeiro-ministro.
A nomeação de Paetongtarn Shinawatra foi confirmada por 319 votos a favor, 145 contra e 27 abstenções. Os deputados estiveram cerca de uma hora a votar em público, um a um.
Paetongtarn é líder do partido no poder, o Pheu Thai, mas não foi eleita deputada, tendo obtido a maioria dos votos no parlamento.
O pai, Thaksin, foi o primeiro político tailandês a obter uma maioria absoluta, tendo sido deposto por um golpe militar em 2006. É visto como o líder de facto do Pheu Thai e a popularidade e influência que mantém são um fator subjacente ao apoio político à filha, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
“Sou a filha do meu pai, sempre e para sempre, mas tomo as minhas próprias decisões”, disse Paetongtarn a um jornalista.
Nem todos acreditam na nova primeira-ministra; analistas políticos citados pelo SCMP consideram que Paetongtarn, “uma novata politicamente inexperiente”, vai ser na prática uma marioneta do pai, e estará sob a tutela do antigo líder — que continuará a dominar a definição das políticas do país.
Embora Thaksin fosse um político extremamente popular, que ganhou com facilidade três eleições, o establishment monárquico tailandês ficou perturbado pelo facto de as suas políticas populistas parecerem ameaçar o seu estatuto e o da monarquia, que está no centro da identidade tailandesa.
Meses de protestos contribuíram para que tanto Thaksin como Yingluck saíssem do poder e tivessem que se exilar, recorda a ABC News.
A nomeação de Paetongtarn seguiu-se à destituição do primeiro-ministro, Srettha Thavisin, na quarta-feira, após menos de um ano no cargo.
O Tribunal Constitucional considerou-o culpado de uma grave infração ética, ao nomear um membro do Governo que esteve detido por alegada tentativa de suborno.
Foi a segunda decisão de relevo no espaço de uma semana que abalou a política tailandesa. Na semana passada, o mesmo tribunal dissolveu o Move Forward, partido progressista que venceu as eleições gerais do ano passado, mas foi impedido de subir ao poder.
O partido reagrupou-se entretanto e chama-se agora People’s Party.
O Pheu Thai e os antecessores venceram todas as eleições gerais desde 2001, com políticas populistas de base que prometiam resolver os problemas económicos e promover a igualdade de rendimentos, até perderem para o reformista Move Forward em 2023.
No entanto, foi-lhe dada oportunidade de formar governo, depois de o Move Forward ter sido impedido de governar pelo anterior Senado, órgão nomeado pelos militares.
O Move Forward foi entretanto excluído da coligação pelo Pheu Thai, que se juntou aos partidos ligados ao governo militar que o depôs no golpe de Estado.
A medida suscitou críticas de alguns dos apoiantes, mas os responsáveis do partido afirmam que a ligação era necessária para quebrar o impasse e iniciar a reconciliação, pondo fim a décadas de profundas divisões políticas.
ZAP // Lusa