“Enfrentámos os laboratórios e vencemos”. O presidente Joe Biden e a vice-Presidente Kamala Harris, anunciaram hoje em comunicado uma descida “histórica” no preço de dez medicamentos para idosos, a poucos meses das eleições nos Estados Unidos.
Este acordo, resultante de negociações sem precedentes entre o sistema federal de seguro de saúde para idosos e os laboratórios, permitirá poupanças de 1,4 mil milhões de euros para os beneficiários e de 5,4 mil milhões de euros para os contribuintes no primeiro ano, de acordo com a Casa Branca.
Os preços recentemente negociados terão impacto no preço dos medicamentos utilizados por milhões de norte-americanos mais velhos para ajudar a controlar a diabetes, o cancro do sangue e a prevenir a insuficiência cardíaca ou coágulos sanguíneos.
Segundo a agência Associated Press, trata-se de um acordo histórico para o programa Medicare, que oferece cobertura de saúde a mais de 67 milhões de idosos e deficientes.
Os preços dos medicamentos, que não são regulamentados a nível nacional nos Estados Unidos, são frequentemente muito mais elevados do que em outros países desenvolvidos. Muitas vezes, os segurados precisam de pagar uma parte do custo do próprio bolso.
“Durante anos, milhões de americanos foram obrigados a escolher entre comprar seus medicamentos ou os alimentos”, afirmou o presidente Biden em comunicado. “Enfrentámos os laboratórios e vencemos”.
O presidente, que geralmente anuncia sozinho os seus grandes projetos económicos, dividiu nesta ocasião os créditos com a vice-presidente, a apenas três meses das eleições de novembro, nas quais a democrata enfrenta o republicano Donald Trump.
Kamala Harris, que inclusive teve mesmo mais espaço do que Biden no comunicado da Casa Branca, prometeu que o governo não vai parar com esta medida, destacando que o custo de outros medicamentos será discutido nos próximos anos.
Durante décadas, o governo federal esteve proibido de negociar com as empresas farmacêuticas o preço dos seus medicamentos, apesar de ser um processo de rotina para as seguradoras privadas.
“Isto significava que as empresas farmacêuticas podiam cobrar o que quisessem pelos tratamentos que salvam vidas, dos quais as pessoas dependem, e todos os americanos pagaram o preço”, disse a conselheira da Casa Branca Neera Tanden aos jornalistas numa video conferência na noite de quarta-feira.
Segundo a AFP, entre os 10 tratamentos visados estão incluídos o Farxiga (para diabetes), do grupo anglo-sueco AstraZenec, o Entresto (problemas cardíacos), do laboratório suíço Novartis, e o Eliquis (anticoagulante), da americana Bristol-Myers Squibb (BMS).
O preço dos medicamentos nos Estados Unidos, mais elevado do que noutros países desenvolvidos, tem escapado historicamente a qualquer regulamentação ou controlo público.
É uma vitória pela qual Joe Biden poderia ter recebido o crédito exclusivo, uma vez que decorre de uma das suas leis emblemáticas, chamada “Lei de Redução da Inflação”, um plano de investimento em grande escala relacionado com a transição energética e o poder de compra.
Os negócios com medicamentos serão também um ponto essencial da campanha presidencial de Kamala Harris na corrida contra o republicano Donald Trump à Casa Branca.
ZAP // Lusa