Cientistas criam célula que impede o crescimento maligno

LK COM

Investigadores da Universidade de Helsínquia e do Hospital Universitário HUS, na Dinamarca, conseguiram criar células cuja proliferação pode ser controlada.

Apesar de as terapias celulares poderem ser uma grande mais-valia no tratamento de várias doenças, há alguns riscos associados a este tipo de tratamento com recurso a células editadas por genes.

As mutações não intencionais do ADN, nomeadamente as que predispõem os pacientes ao cancro, são um deles. O facto de ser impossível transferir células de uma pessoa para outra devido à diferença dos tipos de tecido é, também, outra grande condicionante.

Há mais de uma década, a equipa do professor e geneticista clínico Kirmo Wartiovara propôs-se a desenvolver células em que este tipo de problemas pudessem ser evitados e a verdade é que, recentemente, atingiram um grande marco: a produção de células incapazes de proliferar sem ajuda e que, portanto, não podem transformar-se em células malignas.

Segundo o EurekAlert, os cientistas modificaram células estaminais para se dividirem quando suplementadas com timidina, um dos blocos de construção do ADN.

As células que foram submetidas a este tratamento de segurança não conseguem replicar o seu genoma sem o componente suplementar vital para a síntese de ADN, o que impede a sua proliferação. Quando são diferenciadas para as suas várias tarefas, deixam de se dividir e não precisam mais do suplemento.

Inicialmente, os investigadores investigaram se o crescimento celular podia ser regulado com uma substância administrada externamente. Uma vez bem-sucedidos, examinaram se as células funcionavam normalmente.

“Usamos células estaminais para criar células-β produtoras de insulina que depois transplantamos para animais de laboratório. As células regularam os níveis de glicose no sangue dos animais ao longo da experiência, que durou quase seis meses”, referiu Rocio Sartori Maldonado, da Universidade de Helsínquia.

“As células também são capazes de se diferenciar noutros tipos de tecido e não observamos nenhuma diferença além da sua incapacidade de proliferar sem a nossa autorização”, acrescentou ainda.

As células estaminais são células muito primitivas, pois precisam de ser capazes de se dividir em abundância e de se desenvolver em muitas direções diferentes. Ainda que possam servir múltiplos propósitos, a sua natureza primitiva também representa um problema, principalmente se algumas células não forem diferenciadas, mas continuarem a crescer de forma primitiva.

A solução proposta neste estudo permite a proliferação eficiente de células durante a produção, que pode ser interrompida no momento desejado, como após um transplante, por exemplo. Além disso, possibilita a edição de células sem receio de efeitos adversos decorrentes da própria edição.

O artigo científico foi publicado na Molecular Therapy.

ZAP //

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