Um novo estudo utiliza métodos filogenéticos comparativos para aprofundar a transição do voo planado para o voo motorizado dos morcegos.
Os morcegos são seres misteriosos para a maioria das pessoas. Para tal contribui o facto de serem animais de hábitos noturnos e de possuírem uma incrível capacidade de se movimentarem no escuro.
No entanto, são os únicos mamíferos que conseguem voar.
A capacidade de voo motorizado destes animais diferencia-se de outros mamíferos, e os seus planos corporais, especialmente na morfologia dos membros, oferecem uma área de estudo interessante.
Segundo o Tech Explorist, o estudo fornece informações sobre a hipótese de que os morcegos evoluíram a partir de antepassados planadores.
Num novo estudo, publicado a semana passada no PeerJ Life & Environment, os cientistas utilizaram 4 morcegos extintos e 231 mamíferos existentes com diversos modos de locomoção.
Estes planadores têm membros anteriores alongados e ossos dos membros posteriores mais estreitos, posicionando-os entre os morcegos e os mamíferos arborícolas que não voam.
Além disso, os dados do estudo sugerem que pode haver uma grande pressão de seleção sobre características específicas dos membros anteriores, potencialmente conduzindo-os de um planador para uma zona adaptativa voadora observada nestes animais.
“Propomos uma paisagem adaptativa dos traços ósseos dos membros em todos os modos locomotores com base nos resultados das nossas análises de modelação”, explica a coautora do estudo, Sharlene Santana.
“Os nossos resultados, combinados com pesquisas anteriores sobre o desenvolvimento e a aerodinâmica das asas dos morcegos, apoiam uma via evolutiva hipotética em que uma morfologia dos membros anteriores semelhante à dos planadores precedeu a evolução das asas especializadas dos morcegos”, acrescenta.
Estas descobertas contribuem para a hipótese de que os morcegos evoluíram a partir de antepassados planadores. No entanto, são necessários fósseis adicionais para desvendar todos os mistérios desta transição evolutiva.
Os investigadores sublinham também a importância de realizar mais estudos para avaliar as implicações biomecânicas destas morfologias ósseas e para explorar os fatores genéticos e ecológicos que moldaram a evolução do voo dos morcegos.