A ingestão de cogumelos mágicos, especificamente a psilocibina, faz com que a atividade cerebral se torne menos organizada e mais aleatória, com estes efeitos a poderem durar várias semanas.
Um novo estudo sugere que esta perturbação dos padrões de conetividade pode levar a uma cognição mais flexível. Isto poderia explicar a forma como os psicadélicos ajudam a aliviar a depressão e outros problemas de saúde mental.
Os investigadores recrutaram sete pessoas para tomarem uma dose elevada de psilocibina – o composto psicoativo dos cogumelos mágicos – ou de metilfenidato, vulgarmente conhecido por Ritalina. Os participantes foram submetidos a uma média de 18 exames cerebrais de ressonância magnética durante várias semanas antes e depois da viagem, bem como durante a experiência.
Inicialmente, cada pessoa apresentava um padrão altamente definido e único de conetividade de rede, semelhante a uma impressão digital neural. No entanto, imediatamente após o consumo de psilocibina, estes padrões de conetividade tornaram-se significativamente mais caóticos.
A atividade cerebral dos participantes tornou-se tão desorganizada que era impossível distinguir uma pessoa da outra com base nos seus exames, realça o IFLScience.
Embora esta descoberta não seja nova, alinha-se com estudos anteriores que sugerem que os psicadélicos induzem um estado cerebral “entrópico”. Este estado envolve uma quebra dos padrões rígidos de comunicação entre as redes cerebrais. A rede de modo predefinido (RMP), que controla a cognição quotidiana e coordena atividades como o devaneio e a introspeção, é particularmente afetada.
Os exames do estudo revelaram que a RMP fica altamente dessincronizada durante os efeitos agudos da psilocibina. Embora se restabeleça em grande parte quando a droga passa, a conetividade dentro desta rede permanece mais fraca até três semanas depois. Os resultados do estudo foram publicados esta semana na revista Nature.
“A ideia é que estamos a pegar neste sistema que é fundamental para a capacidade do cérebro de pensar sobre o eu em relação ao mundo, e estamos a dessincronizá-lo temporariamente”, explicou o autor do estudo Joshua Siegel. “A curto prazo, isto cria uma experiência psicadélica. A consequência a longo prazo é que torna o cérebro mais flexível e potencialmente mais capaz de chegar a um estado mais saudável”.