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Astrónomos descobriram uma galáxia poeirenta que não devia existir

Josh Barrington, ESA / NASA

A pequena A1689-zD1 é uma galáxia do tamanho da Grande Nuvem de Magalhães (na imagem, recolhida pelo Hubble), galáxia satélite da Via Láctea

A pequena A1689-zD1 é uma galáxia do tamanho da Grande Nuvem de Magalhães (na imagem, recolhida pelo Hubble), galáxia satélite da Via Láctea

Enquanto procurava os primeiros objectos criados no nosso Universo, uma equipa internacional de astrónomos descobriu uma galáxia que não deveria existir de todo.

Segundo revelaram os cientistas, num estudo publicado na revista Nature, a minúscula galáxia, chamada A1689-zD1, terá nascido uns 700 milhões de anos após o Big Bang, mas o que a torna singular é que tem muita poeira cósmica – demasiada mesmo, para uma galáxia tão nova e pequena.

“Descobrimos recentemente um colossal buraco negro no Universo primordial. Agora descobrimos esta jovem galáxia, com demasiada poeira que não podia ter”, diz Daniel Marrone, astrónomo da Universidade do Arizona perito na formação de galáxias, citado pela National Geographic.

“Temos uma imagem, um rascunho do que era o Universo primordial, mas na realidade, não fazemos a mínima ideia do que se estava a passar”, diz Marrone.

O que os astrónomos acham que sabem

Os cientistas pensam que a galáxia é formada quase totalmente por poeira cósmica, o que é intrigante, uma vez que o Universo, no seu início, não teria qualquer poeira – apenas hidrogénio e hélio.

O gás do pós-Big Bang terá condensado para formar as primeiras estrelas, que forjaram os primeiros elementos pesados, incluindo o carbono, silício e oxigénio – antes de morrerem e libertarem esses elementos para o espaço, criando as primeiras partículas de poeira cósmica.

Essas estrelas iniciais já teriam nascido e morrido há muito tempo quando a pequena A1689-zD1 se lembrou de aparecer, numa altura em que o Universo estava já longe de não ter qualquer poeira cósmica.

Mas a maior parte dessa poeira teria que estar em super-galáxias brilhantes, com um grande número de estrelas.

“Em galáxias maiores, com estrelas massivas de vida curta, a poeira cósmica pode acumular-se rapidamente, em poucos milhões de anos, devido à explosão das supernovas”, diz Darach Watson, investigador do Niels Bohr Institute, da Universidade de Copenhaga, e principal autor do estudo.

Segundo os resultados obtidos pela equipa de astrónomos, a A1689-zD1 é relativamente pequena – do tamanho da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã satélite que orbita a Via Láctea, com um diâmetro vinte vezes menor e com dez vezes menos estrelas do que a nossa galáxia.

“Pode ser que a poeira A1689-zD1 até tenha origem em supernovas, mas para o saber teríamos que estudar galáxias parecidas com esta”, diz Watson.

“O nosso problema, é que não temos propriamente outras candidatas que possamos estudar”, acrescenta.

O enredo complica-se, o mistério adensa-se, enquanto a A1689-zD1 trata da sua vida improvável.

AJB, ZAP

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