Há aliança para derrubar o governo “mais falhado” da história de Israel

Gali Tibbon / Afp Pool

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

Trabalhistas e progressistas formaram os Democratas para destituir Netanyahu e o seu governo, o mais à direita da história do país, e que integra partidos ultraortodoxos e de extrema-direita.

O Partido Trabalhista de Israel (social-democrata) e a força política progressista Meretz (esquerda) selaram esta segunda-feira um acordo de coligação que tem como objetivo destituir Benjamin Netanyahu e o seu governo, que consideram “o mais falhado da história do país“.

Os dois partidos realizaram a sua primeira reunião depois de terem confirmado o acordo no dia anterior. A coligação tem o nome de “Democratas”.

O presidente do Partido Trabalhista, Yair Golan, deu as boas-vindas ao Meretz e elogiou a decisão de unir forças para reforçar uma alternativa “liberal-democrática”.

A tarefa mais urgente é substituir o governo mais falhado da história deste país e restaurar a esperança em Israel (…). Somos uma oposição lutadora e determinada, só uma oposição assim pode ser uma alternativa de liderança”, considerou Golan, citado pelo jornal The Times of Israel.

Golan afirmou que a aliança política “Democratas” é capaz de garantir uma mudança de governo através de uma alternativa “funcional e estrutural” ao atual executivo liderado por Netanyahu, o mais à direita da história de Israel, que integra partidos ultraortodoxos e de extrema-direita.

Para Golan, o executivo tem beneficiado das clássicas disputas entre esquerda e direita, pelo que defendeu o fim do uso dessas terminologias de divisão ideológica.

As ideias de esquerda e de direita são cómodas para Netanyahu, mas não têm qualquer relação com a realidade atual de Israel”, argumentou Golan, que fez, no entanto, uma distinção entre os que defendem um país como um lar “para todos os judeus por igual” e os que, pelo contrário, “veem o Estado como messiânico-teocrático”.

Trabalhista: da época de ouro ao desaparecimento

O Partido Trabalhista — fundado em 1968 pela fusão do Mapai, Ahdut HaAvoda e Rafi — viveu uma época de ouro entre o final dos anos 60, do século XX, e 2000, com cinco presidências consecutivas, conseguindo dominar a política nacional nos anos 90, com os governos de Yitzhak Rabin (1992-1995), Shimon Peres (1995-1996) e Ehud Barak (1999-2001).

Desde então, porém, não ocupou cargos relevantes no governo israelita e, nas últimas eleições legislativas, obteve menos de 3,7% dos votos (quatro deputados), enfrentando uma tendência para o desaparecimento, o que conduziu à aliança com o Meretz.

A ideologia do Partido Trabalhista combina o sionismo com princípios social-democratas, promovendo uma economia mista, justiça social e direitos trabalhistas. Defende também uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano através de negociações de paz.

Meretz assíduo no Knesset

O Meretz é um partido de esquerda fundado nos anos 90 que defende a solução de dois Estados (Israel e Palestina) e o pacifismo.

Historicamente, tem sido um partido residual no Knesset (parlamento israelita), onde obteve o seu melhor resultado em 1992, ano de fundação, ao conseguir 12 dos 120 lugares parlamentares. Integrou ainda governos trabalhistas dessa altura.

ZAP // Lusa

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