Num período em que atravessamos um dos períodos mais perigosos da história da humanidade, o rearmamento nuclear surge na agenda das grandes potências mundiais. 80% das ogivas nucleares mundiais estão preparadas para potencial utilização.
As grandes potências nucleares estão a modernizar os seus arsenais, devido ao aumento das tensões geopolíticas em todo o mundo.
“Desde a Guerra Fria que as armas nucleares não desempenhavam um papel tão importante nas relações internacionais”, declarou o diretor do Programa de Armas de Destruição Maciça do Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI), Wilfred Wan.
Os nove Estados que possuem armas nucleares – Rússia, Estados Unidos, França, Índia, China, Israel, Reino Unido, Paquistão e Coreia do Norte – modernizaram todos os seus arsenais nucleares e vários deles instalaram em 2023 novos sistemas.
Em janeiro deste ano, das cerca de 12.121 ogivas nucleares existentes no mundo, 9.585 estavam preparadas para potencial utilização (quase 80%). Destas, cerca de 2.100 foram mantidas em estado de “alerta operacional elevado” para mísseis balísticos.
A quase totalidade dessas ogivas nucleares pertence à Rússia e aos EUA, que possuem, juntos, 90% das armas nucleares do mundo.
Pela primeira vez, o SIPRI considerou que também a China possui “algumas ogivas em alerta operacional elevado”, ou seja, prontas a serem utilizadas de imediato.
É preciso recuar e refletir
“Vivemos atualmente um dos períodos mais perigosos da história da humanidade”, alertou o diretor do SIPRI, Dan Smith.
“São muitas as fontes de instabilidade: rivalidades políticas, desigualdades económicas, perturbações ecológicas, aceleração da corrida aos armamentos. Estamos à beira do abismo, e é altura de as grandes potências darem um passo atrás e refletirem sobre o assunto. De preferência, em conjunto”, sublinhou.
Mas tendência vai continuar
Em fevereiro de 2023, a Rússia anunciou a suspensão da sua participação no Novo Tratado START – “o último tratado de controlo (…) que restringe o poder nuclear estratégico da Rússia e dos Estados Unidos”.
O SIPRI observou também que Moscovo realizou em maio deste ano manobras militares envolvendo armas nucleares táticas na fronteira ucraniana.
Embora “o número total de ogivas nucleares continue a diminuir, à medida que as armas da era da Guerra Fria são progressivamente desmanteladas”, assiste-se a um aumento do “número de ogivas nucleares operacionais”, ano após ano, por parte das potências nucleares, lamentou o diretor do instituto de investigação sueco.
Acrescentou ainda que esta tendência vai continuar e “provavelmente acelerar” nos próximos anos.
ZAP // Lusa
Acham mesmo que os senhores que mexem os cordelinhos, que estão no conforto das suas casas, com acesso a todas as facilidades no caso das coisas virarem para o torto, estão preocupados com o rumo que uma possível guerra nuclear possa ter? Enquanto o sacrificado for o zé povinho, as coisas só vão continuar a escalar.