“Finalmente ficaremos livres de Marcelo”. E “nem mais um imigrante!”

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// José Fernandes / SIC / Lusa

Declarações de Ventura aplaudidas e reforçadas, num jantar-comício. Para o Chega, a identidade de género não é um direito humano.

O líder do Chega, André Ventura, considerou neste sábado que Portugal não pode receber mais imigrantes porque “está cheio” e pediu apoio à sua plateia, que gritou “nem mais um, nem mais um”.

“Nós estamos cheios de imigrantes e não podemos receber mais imigrantes neste país”, afirmou André Ventura num jantar/comício em Torres Novas (distrito de Santarém), inserido na campanha para as eleições europeias de 9 de junho.

No seu discurso perante cerca de 400 pessoas, o presidente do Chega defendeu que Portugal só deve acolher imigrantes quando tiver “condições de poder receber e não para os enviar para tendas à volta de igrejas ou a viver no metro ou nos comboios”.

Precisamos de ter regras para entrar neste país”, defendeu, destacando os exemplos de países como Bélgica, França ou Inglaterra nos quais “em algumas zonas a imigração islâmica tornou-se maioritária”.

O presidente do Chega disse também que os portugueses não têm de ser tolerantes e que são os imigrantes que têm de respeitar enquanto estiverem a viver em Portugal.

“Por isso, nós pedimos nestas eleições europeias a suspensão da entrada de novos imigrantes em Portugal até estar regularizada esta situação” de quem já está no país, voltou a defender, dando o mote: “nem mais um até termos isto regularizado e a casa em ordem“.

Quem o ouvia repetiu a ideia, gritando por duas vezes: “nem mais um, nem mais um”.

Identidade de género

De tarde, Ventura disse que a identidade de género não faz parte dos direitos humanos e afirmou que as crianças estão a ser expostas a “conteúdos sexualizantes” nas escolas públicas.

Em declarações aos jornalistas antes de uma visita à Feira do Livro, em Lisboa, inserida na campanha para as eleições europeias, André Ventura insistiu na proposta que já tinha defendera na última convenção do Chega, em janeiro, de retirar todos os apoios às associações relacionadas com identidade de género.

A intenção é, segundo Ventura, “reavaliar os mais de 400 milhões de euros que foram atribuídos e que estão embrulhados no meio da identidade e da ideologia de género, para garantir que nenhuma associação, escola ou outra entidade que patrocina a ideologia de género recebe dinheiro”.

O Governo anterior inscreveu no Orçamento de Estado 426 milhões de euros para promover a igualdade de género, mas “apenas 9,2%” do total corresponde a este objetivo.

Indicando que o Chega pediu ao “Governo que discriminasse as verbas”, Ventura defendeu que não o fez “porque tem interesse em misturar violência doméstica com ideologia de género”.

Temos de acabar com isto de que as crianças vão para a escola e lhes dizem que ser homem ou ser mulher é a mesma coisa e eles podem escolher. Não é, os portugueses não querem isso”, afirmou, deixando um desafio: “Vamos fazer um referendo então, vamos perguntar aos portugueses”.

Questionado se os direitos humanos são referendáveis, André Ventura respondeu que “aqui não são direitos humanos, são direitos de transformação, que não são humanos, são direitos de escolha”.

O presidente do Chega classificou a questão como “disparates” e afirmou que “há ideologia de género nas escolas, há promiscuidade nas escolas, há perversão nas escolas”

André Ventura disse também que “as crianças estão a ser expostas a conteúdos sexualizantes e a par disso estão a ser expostas a conteúdos em que lhes dizem que se são mulheres podem ser homens, se são homens podem ser mulheres”.

Livres de Marcelo

O presidente do Chega manifestou satisfação por se estar a aproximar o final do mandato do Presidente da República, o qual desafiou para responder no inquérito ao caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria.

Finalmente vamos ver-nos livres de Marcelo Rebelo de Sousa daqui a um ano e meio”, salientou, repetindo que o chefe de Estado traiu “o seu povo, a sua história, os seus trabalhadores”.

“Felizmente está a um ano de acabar a sua função verdadeiramente”, afirmou.

André Ventura voltou também a desafiar Marcelo Rebelo de Sousa para responder à comissão de inquérito ao caso das gémeas, forçada pelo seu partido.

“Espero que ainda vá responder porque está aí a correr que o Presidente não vai. Não quero acreditar que o Presidente que pediu transparência a todos sempre, inclusive ao Chega, agora que se vê ele envolvido num caso que é grave […] se exima ou fuja à responsabilidade e à justiça”, defendeu.

E deixou um apelo direto: “Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, há momentos na vida em que nos definimos como políticos. Responder a esta comissão de inquérito, responder para ter justiça e transparência não é só uma questão de ser político ou não ser, é de exercer um cargo público com decência e com dignidade”.

“Se acredita na verdade, se acredita na transparência, responda a esta comissão de inquérito, responda aos portugueses sobre este caso”, acrescentou.

Ouviram-se apupos e assobios na sala quando o líder do Chega considerou ser “chocante” que o Presidente da República defenda reparações às antigas colónias.

André Ventura considerou que “este país que deu mundos ao mundo nunca se envergonhará da sua história e não pagará um cêntimo a ninguém no que depender do Chega”, porque deixou lá “muito mais” do que recebeu.

“E se nunca pagámos um cêntimo a quem teve de fugir de lá sem nada, a quem o Portugal de 1975 abandonou à sua sorte, se não demos a esses um cêntimo, se não demos à família dos retornados de África um cêntimo, se deixámos os antigos combatentes na miséria mais abjeta, o que é que temos de pagar as nossas antigas colónias? Zero, não pagaremos nada às antigas províncias ultramarinas”, afirmou.

ZAP // Lusa

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15 Comments

  1. «…E se nunca pagámos um cêntimo a quem teve de fugir de lá sem nada, a quem o Portugal de 1975 abandonou à sua sorte, se não demos a esses um cêntimo, se não demos à família dos retornados de África um cêntimo…» – O dr. André Ventura e o Partido Chega estão a mentir, os Retornados fazem-se de vítimas quando na verdade não o são, chegaram a Portugal e receberam subsídios, casas, e privilégios pagos com o dinheiro dos Portugueses que financiava o Orçamento do Estado (OE).
    Depois da criminosa descolonização feita sem ouvirem em referendo os Povos Africanos naturais das Províncias Ultramarinas, os Retornados – com o bolso cheio de subsídios, equivalências profissionais e graus académicos que nunca tiveram, e bons tachos – desprezavam e desprezam os Ex-Combatentes do Ultramar e os Portugueses Continentais que os ajudaram quando precisaram.
    A maioria dos Retornados eram criminosos a quem o Estado Novo dava duas hipóteses, ou cumpriam pena de prisão em Portugal ou então iam para a África Portuguesa; davam-lhes emprego e casa para lá ficarem.

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  2. Oh Figueiredo, mas que raio de parvoíce é essa e onde foi buscar essa ideia completamente descabida e falsa?!

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  3. Esta pessoa está claramente a confundir a história colonial inglesa com a nossa… a educação em Portugal está a descambar, a falta de conhecimento da nossa própria história é preocupante.

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  4. Eu sou brasileiro, nunca votaria num partido como o Chega, mas concordo com o Ventura no sentido em que a imigração tem de ser controlada, como fazem no Canadá. Imigração descontrolada dá resultados igual na França, onde já se questiona se não é um país islâmico!

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  5. Um dia ainda hei de perceber o que o controle da imigração, algo de puro bom senso, tem a ver com a extrema-direita…

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  6. Ó Figueiredo ou és atrasado mental ou és admirador do Alvaro Cunhal e do Mário Soares. Pergunta aos retornados o que lhes foi dado quando se vieram embora. Grande parte deles nasceram em Africa. Muitos dos próprios avós desses chamados retornados nasceram em África, e a maior parte nem sequer conheciam Portugal porque nunca cá tinham posto os pés. E sabes o que lhes foi dado quando se vieram embora, para não terem hipótese de lá ficarem a viver? A opção de assinarem uma declaração em que assumiam que os seus filhos renunciavam ás cidadanias desses países. Achas que alguém ia assumir uma opção dessas? E vieram com os bolsos cheios? E quem é que os encheu? Tu e os teus mentores? Vieram com uma mão á frente e outra atrás, como o provam os milhões de fotografias de mulheres e crainças ao colo, chegados ao aeroporto Humbert Delgado. Os seus bens, principalmente a própria casa onde moravam, foram ocupadas no mesmo dia em que de lá sairam. As melhores, claro pelos próprios leaders dos ” libertadores”, que ainda hoje mantêm na fome e na miséria os pr´prios povos que diziam ter libertado dos colonialistas portugueses.

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  7. Gostava de poder responder individualmente aos comentários mas não é possível, no entanto não vão ficar sem resposta; considerem este comentário como uma resposta geral.
    Mas vocês pensam que os Portugueses não sabem a verdade? Vocês pensam que não há registos? Só se foram apagados, mas isso é outra história.
    Ainda existe muita gente viva que sabe a verdade assim como os seus descendestes, e nós somos mais do que vós.
    Quem é que vocês pensam que são para vir aqui mentir e fazer revisionismo Histórico?
    A maioria dos Retornados eram criminosos a quem o Estado Novo dava duas hipóteses, ou cumpriam pena de prisão em Portugal ou então iam para a África Portuguesa; davam-lhes emprego e casa para lá ficarem, tinha de ser assim porque era muito difícil de encontrar Portugueses dispostos a ir para as Províncias Ultramarinas.
    O problema dos Retornados é fazerem-se de vítimas quando não o são, chegaram a Portugal e receberam subsídios, casas, e privilégios pagos com o dinheiro dos Portugueses que financiava o Orçamento do Estado (OE).
    Foram os Portugueses do Continente que foram mobilizados – muitos de livre vontade e com todo o gosto e Patriotismo – para ir defender os Portugueses Continentais e Africanos nas Províncias Ultramarinas.
    Depois da criminosa descolonização, sem ouvirem em referendo os Povos Africanos naturais das Províncias Ultramarinas, os Retornados – com o bolso cheio de subsídios, equivalências profissionais e graus académicos que nunca tiveram, e bons tachos – desprezavam e desprezam os Ex-Combatentes do Ultramar e os Portugueses Continentais que os ajudaram quando precisaram.

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  8. Criação do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN): https://files.diariodarepublica.pt/1s/1975/09/20900/13281328.pdf
    Descrição dos subsídios pagos aos Retornados:
    https://files.diariodarepublica.pt/1s/1976/07/15300/14551457.pdf
    Descrição do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN):
    https://pesquisa.adporto.arquivos.pt/details?id=940378
    Apelo do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN) para ajudar os Retornados:
    https://arquivo.cm-moura.pt/reports?reportName=DescriptionItemPublicReport&ID=15971&Locale=pt&ParamUsername=webreader&forceRender=true

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  9. Sobre a imigração, o ventura tem razão, o problema não é o que diz mas como o diz. Ventura faz discursos inflamados, acicata ódios e fomenta separatismos, e isso só os cheganos acríticos gostam!

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  10. O sr Figueiredo é um ser abjeto!! Conheço muitos retornados e nenhum é ou foi criminoso!! Muitos vieram só com a roupa do corpo! Perderam tudo! Apenas conseguiram salvar a sua vida! Vem para aqui um idiota rancoroso acusar de os retornados se fazerem de vítimas! Você deve fazer parte daquele grupo execrável de pessoas que durante anos falaram com ódio daqueles que vieram trazer um pouco de civilização a um país atrazado e de mentalidades fechadas! Durante anos a discriminação feita aos retornados foi imensa! Vá para baixo da rocha de onde tem estado!

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  11. E assim, André Ventura fará o seu caminho, lento mas estável, até ao poder.
    Não gosto do personagem, abomino alguns ideais dele e do partido MAS… estarei disposto a tolerar algumas maluquices, para resolver problemas que do meu ponto de vista são graves e que os partidos do ‘politicamente correto’, vão resolver mal ou (pior) fingir que não existem? A seu tempo, SIM! A seu tempo vou tolerar meia dúzia de maluquices e votar CHEGA.

    Pessoalmente, não gritaria «nem mais um», valorizo os imigrantes que vêm para trabalhar e a imigração que acrescenta valor ao país, mas quem é que discorda do resto??

    “Nós estamos cheios de imigrantes e não podemos receber mais imigrantes neste país”

    “Precisamos de ter regras para entrar neste país”

    «…os portugueses não têm de ser tolerantes e que são os imigrantes que têm de respeitar enquanto estiverem a viver em Portugal.»

    “Por isso, nós pedimos nestas eleições europeias a suspensão da entrada de novos imigrantes em Portugal até estar regularizada esta situação… nem mais um até termos isto regularizado e a casa em ordem“

    «…as crianças estão a ser expostas a “conteúdos sexualizantes” nas escolas públicas…»

    E já agora e no que toca à identidade de género, isto também é válido: «…os portugueses não têm de ser tolerantes… têm de respeitar enquanto estiverem a viver em Portugal.»

  12. Fui considerado retornado e na realidade considerava-me refugiado, nasci na colónia portuguesa assim como o meu pai, e para não morrermos por lá, após a vergonhosa independência, assim devemos aos comunistas e o tal de Mário Soares que simplesmente desprezaram os colonos, onde a maioria contribuiu para os cofres do estado português com o seu trabalho, dedicação e sofrimento por aquelas terras durante séculos. Fomos enganados, obrigados a fugir e deixar tudo para trás. Eu e minha família beneficiamos sim, do magro apoio do IARN, eu por exemplo recebi 500,00 escudos à chegada ao aeroporto e um alojamento nas tendas montadas no hipódromo do JAMOR , a minha mãe ia para filas longas para obter uma lata de leite em pó, umas latas de sardinhas, roupa usada, etc. A maioria do dinheiro disponível para esse mesmo apoio, veio de outros países, sobretudo nórdicos, como por exemplo a Noruega, Portugal estava em crise financeira. Os ditos retornados que foram alojados em pensões e hotéis, salvaram estas unidades hoteleiras de falência com os fundos do Iarn, o turismo nesta época era inexistente. Aceito que as pessoas aqui na metrópole se sintam revoltados pela invasão de milhares de colonos assim de repente num país em crise, que simplesmente se deve aos políticos aqui na metrópole da época, que não foram capazes de organizar e preparar a descolonização, fomos simplesmente abandonados. Por isso caros metropolitanos, muito mais se pode dizer sobre esta vergonhosa independência até para vos esclarecer, acho que a maioria não está devidamente informada.

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  13. O dr. Carlos Mário está confundido, não existe nenhuma revolta em relação aos Retornados porque independentemente disso vocês eram e são Portugueses, não são Africanos, nasceram em África como podiam ter nascido noutro lado qualquer, agora não se pode é mentir e dizer que não foram ajudados ou que não receberam apoios.

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