Um novo método de administração de medicamentos, que utiliza um aminoácido encontrado nas penas de galinha e no tecido da pele, pode ser utilizado para limitar os efeitos secundários da quimioterapia e reparar enzimas importantes.
Num novo estudo, publicado esta quarta-feira na Chem, os investigadores conceberam uma espécie de gaiola feita de moléculas individuais a partir de peptídeos biologicamente compatíveis.
Estas gaiolas permitem alojar fármacos de diferentes tamanhos e transportá-los no corpo com grandes níveis de precisão.
A quimioterapia apresenta diversos efeitos secundários como a queda de cabelo e lesões nervosas, que estão associadas ao facto do tratamento eliminar as células saudáveis no redor dos tumores bem como o próprio tumor.
Segundo a Phys.org, criar uma gaiola de tamanho nanométrico para alojar o medicamento e transportá-lo para o tumor antes de o libertar pode proteger as células saudáveis.
A gaiola pode ser ajustada a diferentes tamanhos, permitindo diferentes cargas de fármacos. Esta estrutura permite administrar no organismo medicamentos de quimioterapia, antibióticos e antivirais.
Anteriormente, as gaiolas deste tipo só podiam ser fabricadas utilizando moléculas de hidrocarbonetos encontradas no alcatrão, que muitas vezes podem ser tóxicas para os seres humanos.
Em abril, uma equipa de cientistas apresentou também uma gaiola de moléculas ocas que permite prender gases com efeito de estufa.
Os investigadores acreditam que este tipo de estrutura pode abrir caminho para que enzimas defeituosas possam ser substituídas e lançar as bases para novas formas de tratamento de inflamações cancerígenas.
“O que criámos é essencialmente um saco de chá molecular biologicamente compatível. Podemos encher este saco de chá, ou gaiola, feita de prolina e colagénio, com medicamentos diferentes e administrá-los de uma forma muito mais direcionada”, explica o autor principal do estudo, Charlie McTernan.
“Com tempo, esperamos que o método possa limitar a queda de cabelo, as náuseas e outros efeitos secundários da quimioterapia. Poderemos até ser capazes de reparar enzimas danificadas, que influenciam o desenvolvimento do cancro”, conclui McTernan.
Uma vez que a prolina e o colagénio estão amplamente disponíveis e não dependem de cadeias de hidrocarbonetos como os métodos anteriores, a equipa espera poder aumentar de forma sustentável a sua atual produção em laboratório.