Uma equipa de arqueólogos descobriu um brinco de ouro no interior de um edifício que ardeu há cerca de 2200 anos em Tossal de Baltarga, na Catalunha.
Num novo estudo, publicado no Frontiers in Environmental Archaeology, os arqueólogos afirmam que o facto de o brinco estar escondido (dentro de um pote, num recanto de uma parede) sugere que os seus proprietários sabiam que o mítico exército cartaginês de Aníbal se dirigia para a região.
Considerado um dos maiores estrategas militares da história, o famigerado general cartaginês Aníbal Barca tornou-se célebre durante a Segunda Guerra Púnica, que ocorreu entre 218 e 201 antes de Cristo.
Aníbal partiu da Hispânia e conduziu o seu exército, com mais de 50 mil soldados e 38 temíveis elefantes de guerra, através dos Pirenéus e dos Alpes, tendo derrotado o exército romano em várias batalhas no norte de Itália.
Apesar do sucesso da sua audaciosa campanha, por motivos ainda hoje desconhecidos, o general cartaginense parou às portas de Roma, onde se manteve durante mais de uma década. Os historiadores especulam que Aníbal não queria conquistar a capital do Império Romano, apenas obrigá-la a render-se.
Segundo os autores do estudo agora publicado, à sua passagem a caminho de Roma, o exército cartaginês destruiu toda a aldeia catalã, depois de os seus habitantes terem fugido. O facto de a peça de joalharia apenas ter sido encontrada no século XXI sugere que o seu proprietário nunca regressou à aldeia.
“Os indícios físicos e documentos históricos escritos permitem-nos traçar um quadro detalhado do que aconteceu a esta aldeia, no atual norte de Espanha, quando foi apanhada na Segunda Guerra Púnica entre Cartago e Roma”, afirma o autor principal do estudo, Oriol Vila, citado pela Discover.
Os investigadores consideram que o contexto era que Aníbal e cerca de 50.000 soldados, 7.000 de infantaria e 37 elefantes tinham atravessado os Pirenéus e estavam a conquistar a Península Ibérica.
A joia escondida sugere que os habitantes de Tossal de Baltarga sabiam que eram os próximos na rota de Aníbal. É difícil não saber que um exército daquela dimensão se aproximava— especialmente quando incluía elefantes de guerra.
Segundo os autores do estudo, a aldeia, localizada numa colina, teria permitido aos seus habitantes avistar o exército à distância. Além disso, as trocas comerciais com povoações vizinhas mantinham as (más) notícias a circular.
“O facto de o brinco de ouro ter sido escondido é sinal de que o seu proprietário tinha tido algum tipo de aviso de que o exército cartaginês estava a caminho”, conclui Vila.