Não vai haver acordo PSD/IL na Madeira. É “absolutamente impossível”

Homem de Gouveia / LUSA

Nuno Morna, Rui Rocha e João Cotrim de Figueiredo (IL) em campanha na Madeira

Rui Rocha reforça o distanciamento entre liberais e sociais-democratas; Miguel Albuquerque é o “culpado”. Mas está disponível para analisar propostas.

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) afirmou nesta quarta-feira que “é absolutamente impossível” um acordo entre o seu partido e o PSD para governar o arquipélago da Madeira e apontou “sinais muito claros” para um entendimento entre sociais-democratas e Chega.

“Do ponto de vista da Iniciativa Liberal, a situação é clara. Nós não faremos nenhum tipo de entendimento com Miguel Albuquerque [cabeça de lista do PSD e atual presidente demissionário do Governo Regional]. Os acontecimentos dos últimos meses mostram que é absolutamente impossível, neste momento, com os processos judiciais em curso, qualquer tipo de entendimento da nossa parte”, disse Rui Rocha, à margem de uma ação de campanha no Funchal, na ilha da Madeira, no âmbito das eleições regionais de domingo.

O líder nacional dos liberais aterrou nesta quarta-feira na ilha para ajudar no apelo ao voto na IL, para haver “mudança” após 48 anos de governação do PSD na Região Autónoma da Madeira. Entrou no Mercado dos Lavradores e percorreu as ruas do centro do Funchal, ao lado do cabeça de lista da IL às eleições regionais de domingo, Nuno Morna, e do n.º 1 da lista às europeias de 9 de junho e ex-presidente do partido, João Cotrim Figueiredo.

Mesmo à entrada do mercado, Rui Rocha encontrou “vizinhos do continente”, um casal de turistas vindo de Braga, a sua terra natal. Depois, acompanhado da caravana de campanha, com pouco mais de uma dezena de pessoas, com bandeiras azuis da IL, visitou as bancas dos comerciantes, das flores ao peixe fresco.

Rui Rocha reencontrou quem já tinha conhecido em outras campanhas, inclusive a florista Isabel, de 86 anos, vestida com o traje tradicional madeirense, que vende flores “há 71 anos e sete meses” e que sabe falar finlandês, inglês, francês, alemão, espanhol e italiano, além de português, idiomas que aprendeu com o contacto com os turistas, e que aguardava a sua chegada: “se não viesse, não votava em você”.

“Estive a fazer contas e já passei mais tempo na Madeira do que em casa com a minha mulher”, confidenciou o líder nacional dos liberais, no decorrer do contacto com a população, que o recebeu com o desejo de “muita força”, mas também de quem disse ter “o voto destinado há muitos anos” ou de quem revelou que vai votar no Chega.

Sobre acordos pós-eleições para formar governo, o presidente da IL indicou que “votar Miguel Albuquerque é votar no Chega e votar no Chega é votar em Miguel Albuquerque”, referindo que as “forças vivas” começam a dar “sinais muito claros” desse entendimento entre PSD e Chega.

“As pessoas têm de pensar se é isso que querem ou se querem, de facto, uma força de mudança que é a Iniciativa Liberal”, reforçou Rui Rocha, sublinhando que a IL/Madeira quer mudar a governação da região, nomeadamente nos impostos, saúde, educação e transparência.

Sobre se estas eleições antecipadas serão uma oportunidade ou um risco, considerando que em setembro de 2023 a IL conseguiu um deputado, entrando pela primeira vez no parlamento regional, o líder nacional dos liberais realçou a ambição de crescer, mas optando por “ser razoável” nos objetivos definidos, sem adiantar mais pormenores.

Quanto à possibilidade da IL viabilizar um programa de governo de Miguel Albuquerque, independentemente de não haver acordo, Rui Rocha assegurou disponibilidade para “analisar todas as propostas, sejam elas propostas concretas e pontuais, quer programas de governo, quer orçamentos”, comprometendo-se com os interesses dos madeirenses e antecipando o voto contra se as considerar negativas.

Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta, com 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto CDU, IL, PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e BE obtiveram um mandato cada.

// Lusa

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