Uma equipa de investigadores criou um modelo para estudar o impacto da coscuvilhice, e descobriu que os mexericos podem promover a cooperação e ajudar a definir reputações — positiva ou negativamente.
Num novo estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores encontraram uma relação matemática entre diferentes formas de fofocas, mostrando como a compreensão das fofocas de fonte única ajuda a compreender as fofocas entre pares.
Segundo o SciTechDaily, o modelo revela que a bisbilhotice pode promover a cooperação ao melhorar o consenso sobre as reputações — e que os boatos tendenciosos podem afetar positivamente ou negativamente a cooperação.
A coscuvilhice tem muitas vezes conotação negativa. No entanto, pode ajudar alguém que tenha boa reputação a atingir um objetivo, um ciclo de feedback conhecido como reciprocidade indireta.
Os investigadores estudaram esta questão criando um modelo que incorpora duas fontes de mexericos: pessoas selecionadas aleatoriamente versus uma única fonte.
A equipa de investigadores mostrou que há uma relação matemática entre estas formas de fofocas—o que significa que compreender os mexericos provenientes de uma única fonte também nos permite compreender os que têm origem num grupo.
Os investigadores desenvolveram também uma equação analítica para a quantidade de mexericos necessária para alcançar um consenso suficiente e manter a cooperação.
“O estudo da disseminação da informação social e o estudo da evolução do comportamento cooperativo são campos muito desenvolvidos, mas não tem havido muito trabalho feito para os combinar”, afirma a primeira autora do estudo Mari Kawakatsu.
Taylor A. Kessinger, coautor do estudo, realça que esta análise preenche uma lacuna crítica em trabalhos anteriores sobre a ausência de mexericos, em que a opinião de todos é privada e independente.
“Os sistemas de moralidade e reputação ajudam a garantir que bons intervenientes são recompensados, e os maus são punidos. Desta forma, o bom comportamento espalha-se e o mau comportamento não”, diz Kessinger.
“Se castigarmos um mau interveniente, temos de ter a certeza de que as outras pessoas concordam que ele é culpado de uma infração. Caso contrário, podem vê-lo como o mau. A coscuvilhice pode ser uma forma de o conseguir”, conclui.
Os cientistas descobriram ainda que a coscuvilhice tendenciosa pode facilitar ou dificultar a cooperação, dependendo da magnitude da coscuvilhice e do facto de a tendenciosidade ser positiva ou negativa.
Os autores do estudo salientam que futuras pesquisas deveriam explorar o impacto do número de fontes de boatos na cooperação, as condições que causariam uma fratura na forma como um indivíduo é visto, e a forma como o preconceito pode ser aplicado de forma diferente aos membros do grupo e aos membros do grupo externo.