Os sócios que frequentam as casas do FC Porto relatam um clima de medo e ameaças que os impede de dar a cara nos testemunhos contra Macaco.
Membros associados às casas do FC Porto têm confirmado a existência de um esquema ilegal de venda de bilhetes no âmbito da Operação Bilhete Dourado. Os depoimentos revelam ainda um clima de intimidação e medo que parece ter permeado o clube por um longo período.
Segundo as testemunhas, durante uma assembleia geral do clube, Fernando Madureira, conhecido por ‘Macaco’, teria ameaçado os presentes, condicionando a entrega de bilhetes à sua participação na reunião, aponta o Correio da Manhã.
As testemunhas, que preferem manter anonimato devido ao receio de represálias, têm ligado a família Madureira a uma espécie de proteção direta de Jorge Nuno Pinto da Costa, ex-presidente do clube.
Este cenário de ameaças e coerção contribuiu para que muitos sócios se mantivessem em silêncio sobre as alegadas atividades criminosas de ‘Macaco’, que vieram agora à luz no seguimento da Operação Pretoriano, uma investigação que resultou na prisão preventiva de Fernando Madureira e expôs a violência e clima de intimidação vividos na assembleia geral do clube em novembro.
O caso ganhou contornos mais complexos com a revelação de que agora seria Catarina, filha de Fernando Madureira, quem liderava o esquema de venda de bilhetes no mercado negro. Sandra Madureira, esposa de Fernando, também está envolvida e foi alvo de buscas recentes, tendo proclamado nas redes sociais que a sua família é vítima de “adversidade, infâmia e calúnia“.
O envolvimento de Sandra Madureira não se limita à defesa pública, com os investigadores a descobrirem mensagens que terá enviado a núcleos do FC Porto onde apelava ao apoio a Pinto da Costa num evento de campanha, o que pode vir a agravar as medidas de coação que lhe serão aplicadas.
A acusação suspeita ainda que o esquema da venda de bilhetes rendia 1,5 milhões de euros por ano à família de Madureira. Para além de Sandra Madureira, a sua filha Catarina, a sua mãe, Manuela, e até a sua avó, Júlia, foram constituídas arguidas. Jorge, noivo de Catarina e futuro genro dos Madureiras, também foi visado.