Mikhail Metzel / Sputnik
O Presidente russo, Vladimir Putin.
Vladimir Putin iniciou, nesta terça-feira, o seu quinto mandato à frente da Federação Russa com uma promessa de vitória aos cidadãos e uma palavra doce ao Ocidente sobre um “possível” entendimento.
A tomada de posse de Putin decorreu no Grande Palácio dourado do Kremlin, dois meses depois da sua reeleição como presidente da Rússia. Convém notar que foi um sufrágio onde não teve oposição – de resto, Alexei Navalny que era o seu principal opositor morreu em Fevereiro de 2024, mesmo antes das eleições.
Numa cerimónia luxuosa e cheia de brilhos, marcada pela magnanimidade do Grande Palácio e pelas memórias do poderoso império russo, foi notória a ausência de representantes de vários países, como Portugal, EUA, Reino Unido, Alemanha, Polónia e República Checa.
Quem fez questão de estar lá foi o actor Steven Seagal, um conhecido admirador de Putin e da Rússia.
A cerimónia contou ainda com a presença de outras figuras particulares, como o líder do clube de motociclistas Night Wolves, Alexander Zaldostanov, conhecido como “O cirurgião”.
Putin admite “possível” entendimento com o Ocidente
No discurso de tomada de posse, Putin prometeu aos russos que vão “ganhar juntos” e que vão sair “mais fortes” deste “período difícil”.
Os russos enfrentam uma situação económica difícil depois das sanções internacionais impostas devido à invasão da Ucrânia, com a inflação elevada.
“Somos um povo unido e grande, e juntos ultrapassaremos todos os obstáculos. Junto ganharemos”, garantiu Putin.
“Determinaremos o destino da Rússia por nós mesmos e unicamente por nós mesmos, para o bem das gerações actuais e futuras”, sublinhou ainda.
Apesar dessa posição de força, Putin considerou que é “possível” um entendimento com o Ocidente quanto a “questões de segurança e estabilidade estratégica“, mas “apenas em pé de igualdade, respeitando os interesses de todos”.
É uma posição que contrasta com os habituais discursos bélicos que Putin costuma fazer, com ameaças ao Ocidente, numa súbita doçura do líder russo.
Depois de notar que presidir à Federação Russa é “uma grande honra”, “uma responsabilidade e um dever sagrado”, Putin partiu para o auto-elogio, destacando em especial a “estabilidade” do país.
No poder desde 1999
Putin chegou ao poder como sucessor do ex-Presidente russo Boris Yeltsin em
1999. Vai agora, aos 71 anos, para o seu quinto mandato no poder, onde permanecerá até 2030. Mas, na verdade, pode ficar por mais seis anos, ou seja, até 2036 quando fará 84 anos de idade.
Em 2020, Putin promoveu uma revisão da Constituição para poder cumprir mais dois mandatos de seis anos à frente da presidência russa.
Nestes anos de poder, o seu principal legado para o mundo é a guerra da Ucrânia que se tornou no maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, colocando em causa também a estabilidade europeia e reforçando os receios de uma Terceira Guerra Mundial.
Mas os mandatos de Putin ficam ainda marcados por leis que visaram controlar os media independentes e os grupos de direitos humanos, bem como limitar os direitos da comunidade LGBTQI+ em nome dos “valores familiares tradicionais” da Rússia.
A grande pergunta é o que poderemos esperar ainda mais de Putin nos próximos anos.
