Uma mistura de fatores, desde o vento às correntes oceânicas, explicam a aparição de um buraco gigante no gelo na Antártida.
Os cientistas desvendaram finalmente o enigma do buraco gigante recorrente no gelo do mar de Weddell, na Antártida, uma anomalia detectada pela primeira vez em 1974. Conhecido como a polinia de Maud Rise, este fenómeno intrigou os investigadores durante anos devido ao seu aparecimento incoerente. Um novo estudo, publicado na revista Science Advances, revela que os padrões de vento e o teor de sal desempenham um papel crucial na sua formação.
A polinia de Maud Rise foi inicialmente observada perto de um pico submerso chamado Maud Rise. Ao contrário das polinias normais, que normalmente se encontram perto das linhas costeiras e servem de espaços de respiração para os mamíferos marinhos, a polinia de Maud Rise ocorre longe da costa e tem aparecido de forma irregular ao longo das décadas.
A sua dimensão era significativa quando apareceu pela primeira vez na década de 1970, cobrindo uma área comparável à da Nova Zelândia, mas depois pareceu desaparecer a partir de meados da década de 1970, reaparecendo apenas de forma dramática em 2016 e 2017, explica o Science Alert.
Os recentes esforços de investigação, intensificados pelo ressurgimento da polinia, envolveram uma série de ferramentas sofisticadas, incluindo imagens de satélite, instrumentos autónomos e até focas equipadas com chapéus com sensores. Os dados combinados levaram a um avanço na compreensão das forças por detrás deste fenómeno.
As correntes de superfície impulsionadas pelo vento promovem a subida em espiral das águas mais profundas — e eram uma peça que faltava no puzzle. Esta ressurgência trouxe para a superfície água quente e salgada que influenciou significativamente os padrões de fusão do gelo.
No entanto, só isso não podia explicar a persistência da área de águas abertas. Uma análise mais aprofundada revelou que os remoinhos turbulentos em torno da elevação de Maud desempenharam um papel crucial, ao trazerem sal para a superfície, baixando assim o ponto de congelação da água circundante e impedindo que a polinia voltasse a congelar.
A investigação sublinha a interação entre as correntes oceânicas e o vento, demonstrando que ambos têm de se alinhar perfeitamente para criar as condições necessárias para uma polinia.
Estas descobertas não são apenas cruciais para compreender a dinâmica específica da elevação de Maud, mas também para implicações climáticas mais alargadas. Com as previsões de ventos antárcticos mais fortes e mais frequentes devido às alterações climáticas, os cientistas esperam que estas enormes áreas de águas abertas se tornem mais comuns.
Deve-ser o buraco pelo qual os alemães – resistentes da 2a guerra mundial – entram no interior da Terra (para quem acredita nisso) 🙂