50 anos após o fim da ditadura em Portugal, as principais figuras do antigo regime mantêm-se presentes em pelo menos 721 artérias do país, de 195 concelhos, sendo que 17 têm o nome de Salazar.
Estradas, avenidas, ruas, vias, travessas, azinhagas, alamedas, praças, largos, escadas, calçadas, becos, terreiros, pracetas, pontes e bairros. Ainda há no espaço público largas centenas de nomes de protagonistas do Estado Novo, de acordo com a base de dados dos CTT – Correios de Portugal facultada à agência Lusa.
Mas os nomes de Humberto Delgado ou Aristides de Sousa Mendes também ficaram como símbolos de resistência na ditadura.
Sobrevivendo à iniciativa de apagar a ideologia e memórias de 48 anos de ditadura, após o 25 de Abril de 1974, pelo menos 17 ruas mantêm o nome de António de Oliveira Salazar.
O ditador governou entre 1932 e 1968, primeiro como ministro das Finanças e depois como presidente do Conselho de Ministros (o equivalente a primeiro-ministro).
Em Santa Comba Dão, distrito de Viseu, o ditador que nasceu na antiga freguesia de Vimieiro dá nome a avenida (e apelido a escola). Em Armamar, no mesmo distrito, destaca-se com outra avenida, praça e travessa.
E em Castelo Branco e Leiria, com duas ruas, e em Ansião (Leiria), Cadaval (Lisboa), Carregal do Sal e Penodono (Viseu), Odemira (Beja), Santo Tirso (Porto), Tomar (Santarém), Vila Flor (Bragança) e Vila Nova de Gaia (Porto) tem, na maioria, uma rua com o seu nome.
Na cadeira de Salazar sucedeu Marcelo Caetano, último primeiro-ministro do Estado Novo, que se rendeu no Quartel do Carmo na “revolução dos cravos”, com 16 placas – quatro ruas em Pombal, em distintos lugares ou freguesias, e um beco em Peniche (Leiria), duas ruas e largo em Cadaval, uma avenida e um largo na Maia (Porto), um largo em Arganil (Coimbra), uma travessa em Penalva do Castelo (Viseu), e ruas em Rio Maior e Tomar (Santarém) e Cascais e Sintra (Lisboa).
O último Presidente da República do Estado Novo, Américo Tomás, almirante apodado pelo povo de “corta-fitas”, dá nome a uma avenida na Covilhã (Castelo Branco), e a ruas de Celorico da Beira (Guarda), Ferreira do Zêzere (Santarém) e Cadaval e Loures (Lisboa).
O marechal Francisco Craveiro Lopes, Presidente da República entre 1951 e 1958, figura em 16 placas de duas ruas em Loures e em Odivelas (Lisboa), de avenidas em Vendas Novas (Évora), Cascais e Lisboa, e de ruas em Almeirim, Santarém, Bragança, Castelo Branco, Mirandela (Bragança), Peniche, Ponte de Sor (Portalegre), Santa Maria da Feira (Aveiro) e Vila Nova de Gaia.
O general Óscar Carmona, chefe de Estado entre 1926 e 1951, soma 41 referências toponímicas, de avenidas em Cascais (duas e uma rua), em Chaves (Vila Real), Santa Comba Dão e Tabuaço, em Viseu, e Vila Flor, e ruas também nos distritos de Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Faro, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém e Viseu.
Carmona dá ainda nome a praças em Alcanena e Entroncamento (Santarém), Castelo Branco e Felgueiras (Porto), a largos em Anadia (Aveiro), Fronteira (Portalegre), Leiria e Odivelas, e a uma ponte em Vila Franca de Xira (Lisboa).
O marechal Gomes da Costa, monárquico que foi Presidente da República em 1926, deposto por um golpe liderado por Carmona, possui 35 topónimos, e Carrazeda de Ansiães (Bragança) lidera em número, com duas ruas e uma travessa, seguindo-se Almeirim com duas ruas, e Nisa (Portalegre) e Portimão (Faro) com uma rua e uma travessa cada.
O nome do marechal está também patente em avenidas de Oeiras, Lisboa, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Porto, assim como em ruas da Horta (Açores) e municípios dos distritos de Beja, Braga, Beja, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre, Viseu, Santarém ou Setúbal.
O escritor e jornalista António Ferro, considerado o “grande dinamizador” da política cultural e de propaganda do Estado Novo, dá nome a rua e praceta em Cascais, a ruas em Amadora (Lisboa), Matosinhos, Portalegre e Portimão e praceta em Oeiras.
Pelo menos 72 topónimos nos distritos de Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo e Vila Real têm o nome de Duarte Pacheco, engenheiro que foi ministro das Obras Públicas e responsável por projectos como o Aeroporto de Lisboa e a Ponte Salazar, rebaptizada Ponte 25 de Abril, que liga Lisboa a Almada.
O cônsul português em França Aristides de Sousa Mendes, que concedeu à revelia de Salazar vistos a judeus, que fugiam ao exército alemão nazi na Segunda Guerra Mundial, regista 63 topónimos nos distritos de Aveiro, Beja, Braga, Bragança. Coimbra, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu.
O general Humberto Delgado, que tentou derrubar o regime salazarista através de eleições, possui 448 topónimos, com destaque para Sintra, com 17 placas em quatro avenidas, nove ruas, duas pracetas e duas travessas, em distintos lugares ou freguesias, seguido de Loures, com 16, dos quais 12 ruas, dois largos e uma praça.
Além da toponímia, figuras do Estado Novo estão ainda presentes na estatuária ou na ponte e viaduto Duarte Pacheco, em Penafiel e Lisboa, respectivamente.
ZAP // Lusa
O nome não é exclusivo de tiranos ditadores.
Conheço alguns homónimos que em nada se assemelham a tal coisa.
Quando leio esse nome toponimico, atribuo a essas pessoas, muito dignas, que merecem a homenagem, não ao outro, que merece as profundezas dos infernos.
Os pulhas fascistas ainda vão tendo relevância perante o povo oprimido e estúpido por esses vermes !!!
A história é de ser lembrada!
Hoje, nem 10 Salazeres conseguiriam endireitar este país cheio de abutres!
Deixem Salazar em paz!
A ponte de 25 de abril é ponte de Salazar pois foi ele que a mandou construir. Ditador ou não, é uma falta de respeito para com a história e com o mandante da construção da ponte!
A Ponte tem que ter o nome de Salazar!
Os nossos reis mandaram matar pessoas para garantir que Portugal exista.
Descobrirmos terras por esse mundo fora e devemos ter orgulho disso!
Já não há homens corajosos que hoje são gente sem identidade armados em progressistas mas não passam de uns cobardes!