Cientistas observaram um acontecimento extraordinário na evolução celular: a fusão de uma espécie de alga com uma cianobactéria, resultando na formação de um novo organelo chamado “nitroplasto”.
Este fenómeno, conhecido como endossimbiose primária, representa apenas o quarto caso conhecido na história da evolução e tem implicações significativas para a compreensão da evolução celular e das suas potenciais aplicações na agricultura.
O nitroplasto recentemente identificado surgiu da absorção de uma cianobactéria chamada Atelocyanobacterium thalassa (UCYN-A) pela alga unicelular Braarudosphaera bigelowii.
Este evento, que ocorreu há cerca de 100 milhões de anos, marca um raro salto evolutivo semelhante à formação de mitocôndrias e cloroplastos em micróbios antigos, levando ao aparecimento de plantas.
Ao contrário das relações simbióticas típicas em que as plantas dependem de bactérias externas para a fixação do azoto, a B. bigelowii internaliza esta capacidade através do seu recém-adquirido nitroplasto.
Esta caraterística única permite ao organismo extrair o azoto diretamente do ar, um feito que anteriormente se pensava ser exclusivo de certos procariotas como as bactérias.
O ZME Science explica que os investigadores elucidaram a relação dinâmica entre o UCYN-A e o seu hospedeiro, revelando uma troca sincronizada de nutrientes caraterística dos organelos. O estudo foi recentemente publicado nas revistas Cell e Science.
Tyler Coale, um bolseiro de pós-doutoramento da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, destaca o potencial da engenharia de organelos semelhantes em plantas de cultivo para melhorar a fixação de azoto e promover práticas agrícolas sustentáveis.
Ao aproveitar as capacidades naturais de fixação de azoto, a agricultura pode tornar-se mais ecológica e menos dependente de fertilizantes sintéticos.