A procura de um manto de invisibilidade, muitas vezes considerado como um objeto de fantasia e ficção científica, deu um salto significativo em direção à realidade graças a um estudo inovador.
Os investigadores conseguiram criar réplicas sintéticas de brocossomas, partículas minúsculas que ocorrem naturalmente e que um dia poderão ser essenciais para o desenvolvimento de dispositivos de invisibilidade.
Os brocossomas são nanopartículas minúsculas, ocas e cobertas de orifícios. Esta conceção única permite-lhes absorver ou dispersar comprimentos de onda específicos da luz, consoante o tamanho do brocossoma e o diâmetro dos seus orifícios.
Descobertas nas costas das cigarrinhas na década de 1950, estas nanopartículas desempenham provavelmente um papel importante para ajudar estes insetos a misturarem-se nos seus ambientes naturais, embora a sua função precisa tenha permanecido um mistério até agora.
O êxito da equipa de investigadores não reside apenas na replicação de uma estrutura biológica natural, mas também na compreensão pioneira do modo como os brocossomas interagem com a luz.
“Este é realmente o primeiro estudo para compreender como a geometria complexa do brocossoma interage com a luz”, explicou o autor principal do estudo, Tak Sing Wong, citado pela Business Insider.
Após quase uma década de esforços, a equipa conseguiu imprimir em 3D os primeiros brocossomas sintéticos do mundo. Este avanço tecnológico revela conhecimentos sobre a manipulação da luz.
Quando a luz com um comprimento de onda igual ao diâmetro dos brocossomas incide sobre estas partículas, dispersa-se em várias direções. Pelo contrário, se o comprimento de onda da luz corresponder ao diâmetro dos orifícios de passagem, esta passa e é absorvida pelo brocossoma, minimizando eficazmente a reflexão da luz e tornando a partícula quase invisível em determinadas gamas electromagnéticas.
As implicações desta descoberta são vastas. Os brocossomas sintéticos podem ser fabricados em vários tamanhos para interagir com diferentes comprimentos de onda do espetro eletromagnético. Esta adaptabilidade abre possibilidades para aplicações como os mantos de invisibilidade militares.
Wong está otimista quanto ao aumento da produção de brocossomas sintéticos nos próximos três a cinco anos, com o objetivo de os utilizar em diversas indústrias, incluindo pigmentos, produtos farmacêuticos e painéis solares.
Por exemplo, depois de a União Europeia ter proibido o óxido de titânio como aditivo alimentar, Wong considera os brocossomas como um potencial substituto em produtos como rebuçados e cremes para café.
“Dependendo da nossa imaginação, penso que há muitas aplicações interessantes que podem surgir dos brocossomas”, disse ainda Wong.