Passeiam pelos jardins do palácio a perseguir pombos e aparecem como estrelas em conferências de imprensa transmitidas pela televisão. Alguns cumprimentam os turistas nos portões, enquanto outros dão uma dentada no gelado oferecido pelos funcionários do palácio.
Há 19 gatos com carta branca no Palácio Nacional do México, que há muito percorrem os luxuriantes jardins e os antigos salões coloniais de um dos edifícios mais emblemáticos do país, conta a Associated Press.
“São livres, têm acesso a todo o lado, por isso vêm a reuniões, entrevistas, andam em frente às câmaras”, explica à AP o veterinário do palácio, Jesús Arias.
“Os gatos são agora um símbolo do Palácio Nacional. Eu não entenderia o Palácio Nacional sem a presença destes gatos. Temos de nos certificar de que os gatos são bem tratados”, diz Adriana Castillo Román, diretora geral do Palácio Nacional e da Conservatória do Património Cultural.
Situado no coração da Cidade do México, o palácio presidencial foi durante muito tempo a sede do poder executivo do México, tendo sido construído sobre o antigo palácio do imperador asteca Moctezuma e é atualmente a residência do presidente mexicano, López Obrador.
O próprio chefe de estado já disse que os gatos “dominam” o palácio e caminham frequentemente à sua frente durante as cerimónias oficiais.
Ironicamente, a antiga cultura azteca não honrava os gatos, mas sim os cães sem pelo, conhecidos como Xoloitzcuintle, que eram até enterrados com os seus donos.
Alguns dos gatos têm nomes de artistas, como o gato laranja “Bowie”, em homenagem à estrela de ‘rock’ David Bowie, que visitou o palácio em 1997 para ver o famoso mural do pintor mexicano Diego Rivera. Outros têm nomes de rochas nativas ou palavras da antiga língua azteca da região, como Ollin, que significa “movimento”.
Os funcionários dizem ter memória dos gatos silvestres a viverem entre os catos e os arbustos densos dos jardins há já meia centena de anos, mas não se sabe ao certo quando apareceram ou como entraram no edifício.
Um gato chamado Zeus, que entretanto morreu, tornou-se famoso em julho, quando entrou na conferência de imprensa matinal do Presidente. O gato cinzento ficou frente às câmaras e vagueou entre os repórteres até ser retirado pelos funcionários do palácio.
Segundo Adriana Castillo Román, quando López Obrador assumiu o cargo pela primeira vez, em 2018, os animais de estimação do palácio eram alimentados discretamente pelos funcionários.
“Alguns funcionários que gostam de gatos traziam-lhes restos de comida de casa e, de vez em quando, comida enlatada ou arroz e sopa”, relatou.
Os funcionários do palácio colaboraram com veterinários da Universidade Nacional Autónoma do México para vacinar, esterilizar e colocar ‘chips’ nos gatos, tendo-lhes construído pequenas casas e estações de alimentação à volta do jardim. Também contrataram Jesus Arias para cuidar deles de forma permanente.
Agora, os gatos do Palácio Presidencial do México entraram para a história — e para o caderno de encargos do erário público do país.
ZAP // Lusa