Uma nova equação mostra uma relação surpreendentemente simples entre a pressão e a temperatura necessárias para fundir qualquer substância sólida.
Os físicos parecem ter finalmente encontrado a resposta para uma questão aparentemente simples que permaneceu sem resposta durante cerca de um século: quando é que uma substância funde?
Ao contrário da água, que se contrai ao congelar, no caso da maior parte das substâncias o aumento da pressão tende a elevar o ponto de fusão — e, quanto mais alta for a temperatura de fusão, normalmente, menor é o impacto da pressão na determinação do ponto de fusão. Mas nem sempre assim acontece.
Para dar resposta a esta questão, o físico ucraniano derivou uma equação que pode ser usada para fazer esta previsão para uma vasta gama de substâncias.
Trachenko focou-se nas chamadas “linhas de fusão”, fórmulas que refletem a relação entre temperatura e pressão no ponto em que um objeto está muito próximo de começar a fundir.
Há fórmulas semelhantes e bem estabelecidas para a vaporização e sublimação — a transformação direta de uma substância sólida num gás.
Mas, ao longo da história da ciência, inúmeros físicos proeminentes chegaram à conclusão de que a transição de sólido para líquido era matematicamente demasiado complexa para se poder entender.
Esta dificuldade deve-se essencialmente ao facto de o estado final do processo ser um líquido, no qual os átomos interagem uns com os outros e se movem de uma forma mais complicada do que o fazem em sólidos ou em gases.
Trachenko, que tinha já anteriormente trabalhado com as leis da termodinâmica que determinam quanta energia e calor um líquido pode conter, descobriu agora como combinar estas leis com uma equação com 200 anos — que mostra como duas fases da matéria, como sólido e líquido, podem coexistir.
O resultado é uma nova equação de linha de fusão, que revela que a pressão a que uma substância funde depende do quadrado da sua temperatura.
A equação de Trachenko, que foi apresentada num artigo publicado o mês passado na Physical Review E, entra em conta com constantes físicas fundamentais, como a carga e massa de um eletrão, o que permite que em teoria possa ser aplicada de forma generalizada a qualquer substância.
“Antes deste estudo, não era de todo esperado e ninguém tinha pensado que isto pudesse ser feito”, diz Trachenko, citado pela New Scientist.
O físico testou a sua equação contra dados experimentais de fusão para inúmeras substâncias diferentes, e até agora encontrou apenas resultados concordantes – que parecem validar a sua equação.
Está assim resolvido, aparentemente, o problema que durante um século tanto pressionou os físicos.