A greve dos trabalhadores não docentes levou esta quinta-feira ao encerramento da “grande maioria das escolas” do distrito do Porto, e há mais de uma dezena de escolas fechadas em Lisboa. Fontes sindicais afirmam que em todo o país a adesão no geral “deverá ser elevada”.
“Ainda estamos a reunir informação pelo país. Ainda é cedo para avançar com números, mas as nossas estimativas são boas. Centenas de escolas estão fechadas hoje por todo o país”, disse à agência o coordenador de educação da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, Artur Sequeira.
“A grande maioria das escolas, pelo menos aqui no distrito do Porto, mas acredito que em Braga, por exemplo, aconteça a mesma coisa, vão estar encerradas, ou então com imensas dificuldades em trabalhar”, afirmou à Lusa Lurdes Ribeiro, também da Federação.
Os trabalhadores não docentes hoje em greve exigem a abertura de concursos para integrar funcionários que se encontram a exercer funções com caráter permanente e reclamam a valorização da carreira e da tabela salarial. O salário médio destes trabalhadores ronda os 550 euros, de acordo com Artur Sequeira.
Os sindicatos denunciam que, paralelamente, são recrutados funcionários sem experiência de trabalho com crianças a 3,20 euros à hora, estando o setor a ser suportados por “milhares de trabalhadores precários”.
Os representantes dos trabalhadores pretendem negociar com o governo e se as reivindicações não forem atendidas equacionam novas formas de luta, que poderão passar por outra greve, uma grande manifestação ou outras iniciativas.
Na quarta-feira, foi entregue no Ministério da Educação um abaixo-assinado com cerca de dez mil assinaturas.
Tal como reivindicavam foi já publicada uma portaria que atualiza os rácios de funcionários nas escolas, mas que, segundo os sindicatos, não resolve os problemas e “mantém uma lógica economicista”.
A federação sindical quer deixar também “um sinal muito claro” ao governo que vier a ser eleito este ano de que os trabalhadores vão continuar a exigir melhores condições.
Escolas fechadas ou com dificuldades de funcionamento
Em declarações à Lusa, Artur Sequeira adiantou que em Lisboa estão fechadas pelo menos as escolas básicas e secundárias Passos Manuel, Eugénia dos Santos, Francisco Arruda, de Telheiras, Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Marquesa de Alorna.
“Em algumas escolas ainda estamos a confirmar se estão encerradas ou não, mas o número será superior a uma dezena em Lisboa”, disse, remetendo para mais tarde dados “fidedignos” de adesão à paralisação.
“Temos no Grande Porto imensas escolas encerradas”, sublinhou, referindo como exemplos, Fontes Pereira de Melo, Clara de Resende, agrupamento do Cerco, Ramalho Ortigão, Pires de Lima, Miragaia, no Porto, Soares do Reis, António Sérgio, Santa Marinha, em Vila Nova de Gaia, Senhora da Hora, Padrão da Légua, em Matosinhos, e “muitas outras” no interior do distrito.
Apesar de afirmar ainda ser cedo para avançar com números concretos de adesão, Lurdes Ribeiro referiu que “os trabalhadores estão a aderir em massa, até porque se identificam por completo com as revindicações, essencialmente com a que se relaciona com a falta de pessoal. Faltam cerca de seis mil trabalhadores a nível nacional”.
ZAP / Lusa